Glicerina pode ajudar a reduzir as emissões dos combustíveis navais
Um grupo de cientistas norte-americanos está usando a glicerina fabricada juntamente com o biodiesel no desenvolvimento de combustíveis navais menos poluentes. O trabalho vem sendo realizado por uma parceria que envolve pesquisadores da Academia Marítima do Maine e da SeaChange Group – empresa especializada em combustíveis navais de baixa emissão – e teve seus primeiros resultados anunciados durante a reunião nacional da Sociedade Química Americana está acontecendo esta semana.
O bunker é um tipo de óleo combustível usado principalmente por grandes navios de carga. Ele também está entre os combustíveis mais sujos usados no planeta. Para dar uma ideia, enquanto no Brasil o teor de enxofre do óleo diesel vem sendo drasticamente reduzido com a troca do diesel S500 (com 500 partes por milhão de enxofre) pelo S50 (com 50 ppm) e, ano que vem, pelo S10 (10 ppm), segundo as regras da ANP, o bunker naval pode conter mais de 45.000 ppm de enxofre.
O novo produto foi batizado Bunker Green e é membro da família de combustíveis navais Eco-Hybrid que está sendo desenvolvida pela parceria. Segundo os responsáveis pela novidade, o combustível emite 15% menos material particulado e 26% menos óxidos de nitrogênio sem deixar de ser economicamente competitivo. O segredo foi o aproveitamento da glicerina. Como o material é um coproduto do processo de fabricação de biodiesel, ele tem sido fabricado em quantidades muito superiores à demanda atual, abrindo espaço para seu uso em novos mercados e processos.
O maior desafio dos pesquisadores foi conseguir misturar a glicerina ao combustível, dificuldade equivalente a mistura de óleo com água. Para homogeneizar o combustível após a adição da glicerina os pesquisadores tiveram que encontrar um surfactante – uma classe de produtos químicos usados para permitir a mistura entre duas ou mais substancias.
Petrobras
Aqui no Brasil, a Petrobras e a UFRJ estão trabalhando para desenvolver misturas entre bunker e biodiesel também com o objetivo de reduzir as emissões de poluentes da indústria naval.
As pesquisas foram iniciadas em março do ano passado e deverão receber investimentos de quase R$ 12,5 milhões.
Fábio Rodrigues
Com informações MarineLink.com