Produtores de biocombustíveis defendem RenovaBio
Entidades que representam o setor de biocombustíveis – etanol e biodiesel – estão acusando os distribuidores de manobrarem para tentar “desfigurar” a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio). Criado em 2017, o programa obriga distribuidores a cumprirem metas descarbonização por meio da compra de créditos emitidos pelas usinas – só no ano passado, o mercado de carbono ligado ao programa movimentou R$ 6,95 bilhões.
O tempo fechou depois que se tornou público que representantes do Ipiranga, da Vibra e da Brasilcom estiveram nessa segunda-feira (20) no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Durante a reunião, o grupo entregou ao secretário de Desenvolvimento Industrial, Comércio Serviços e Inovação, Uallace Moreira Lima, um documento que trazia com propostas de alterações no RenovaBio.
Segundo relato da Agência Brasil, os distribuidores afirmam que têm tido dificuldade no cumprimento das metas estabelecidas e que isso “gera disfuncionalidades que distorcem o mercado”. Um total de 50 distribuidoras não conseguiram comprar a quantidade de CBios exigida delas no ciclo de 2022.
Entre as propostas apresentadas está a equiparação entre os CBios e os créditos de carbono comercializados em outros mercados e a transferência metas hoje cumpridas pelas distribuidoras para as refinarias e importadores de combustíveis.
Defesa intransigente
A notícia sobre a reunião não caiu bem entre os fabricantes de biocombustíveis.
Em nota divulgada ontem, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) avalia que a “a atitude dessas empresas, a exatos dez dias do início da COP 28, revela (...) um profundo desprezo pelo tema da descarbonização”. Segundo o texto, as distribuidoras vêm se opondo ao RenovaBio desde antes de sua aprovação pelo Congresso Nacional em 2017. “Agora, mais uma vez, organizam-se para pressionar e para desmontar um conjunto de políticas públicas ambientais que fazem do Brasil uma referência global no processo de descarbonização do setor de transportes”, acusa a entidade que representa do setor sucroalcooleiro.
Assinada em conjunto pela Frente Parlamentar Mista do Biodiesel do Congresso Nacional (FPBio), Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) e União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), uma segunda nota promete uma “defesa intransigente do RenovaBio” contra “tentativas de defenestrar esta política pública vencedora”. “O RenovaBio, está sob intenso ataque de setores que defendem o atraso, ou seja, tanto a retração da energia limpa quanto a expansão dos combustíveis fósseis no país”, afirma o texto acrescentando que as empresas de distribuição tiveram uma atitude antiética e tentam desestabilizar o ambiente de discussão
Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com