MME terá mais 3 meses para concluir GT criado para estudar combustíveis
O MME acaba de adiar por mais 90 dias o prazo limite para a entrega do relatório final de um grupo de trabalho que havia sido criado em dezembro passado para subsidiar o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) na elaboração de diretrizes para os mercados de combustíveis aquaviários, combustíveis de aviação e GLP.
Esse trabalho deverá impactar diversos segmentos da indústria de biocombustíveis – entre os quais o biodiesel. A Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês) vem trabalhando em um acordo que pretende zerar as emissões líquidas de CO₂ do setor de navegação até 2050.
Desdobramentos para o biodiesel
O biodiesel está na disputa por uma fatia desse novo mercado. Em diversos países do mundo, o B24 – mistura entre 24% de biodiesel e 76% de óleo combustível com baixo teor de enxofre – vem sendo estudado como uma opção de baixo custo para a descarbonização do setor. A maior vantagem do biodiesel frente a outras opções que também estão na mesa viria do fato de ele não exigir que os motores das embarcações atuais passem por processos de retrofit.
Isso tem atraído o interesse de empresas brasileiras para esse nicho de mercado. A Petrobras já oferece B24 comercialmente, e a Be8 vem realizando testes junto com a Vast no Porto de Açu.
Desde dezembro, a Amaggi vem usando biodiesel puro nas barcaças fluviais que fazem o transporte de grãos pelos rios da Amazônia.
A produção e o uso de SAF a partir de 2027 – quando passam a valer as exigências previstas no Corsia e na Lei do Combustível do Futuro – também deverão impactar os negócios das usinas de biodiesel.
Nesse caso, contudo, o impacto tende a ser mais indireto.
Diversas das rotas de produção de SAF partem de óleos e gorduras renováveis, o que, ao que tudo indica, aponta para um mercado de matérias-primas sob mais pressão em um futuro próximo.
Adiamentos em série
A criação do GT havia sido determinada pelo CNPE em agosto de 2024. Originalmente, o grupo teria seis meses para concluir os trabalhos. Como a nomeação dos membros do GT saiu no começo de janeiro deste ano, o prazo ficou para o começo de julho.
Em 18 de junho, o MME já havia prorrogado esse prazo em mais 120 dias, o que empurrou o prazo final para os últimos dias deste mês.
Com a nova extensão, o relatório passa a ser esperado apenas no final de janeiro do próximo ano.
Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com{/viewonly}