A hora é agora
Saímos do debate da Câmara Setorial do Biodiesel, realizado em Brasília, na última quarta-feira, convencidos de que em breve será autorizada a ampliação da mistura do biodiesel, dos atuais 5% para 7%, no diesel fóssil.
Não bastassem os fortes argumentos econômicos e ambientais, não encontramos nenhuma voz dissonante. Industriais, produtores, entidades e representações do governo convergem para a necessidade de adoção da medida. Não há argumentos contrários.
Fora a redução da emissão de gases poluentes e a redução da importação do diesel, avançar na produção do biodiesel traz incontáveis vantagens para o Estado. O antigo temor de que o esmagamento de grãos para produzir o biodiesel poderia gerar inflação não se sustenta. Pelo contrário, o preço do óleo diesel sofre aumentos maiores do que o do grão usado para o processamento e a transformação da soja, da canola e de outros produtos agrícolas, que leva à redução da importação do diesel, melhorando o desempenho da balança comercial brasileira.
Na Secretaria da Agricultura pautamos nossa ação pelo diálogo com os setores produtivos nas Câmaras Setoriais. Foi assim, por exemplo, que criamos o programa Mais Água, Mais Renda, que estimula, por meio de mecanismos de subvenção e facilitação da obtenção de licenças ambientais, a adoção da irrigação para estabilizar a produção e obter ganhos importantes de produtividade. O que estamos conseguindo em diversas culturas, como a da soja, a principal cultura agrícola do Estado, que queremos cada vez produzindo mais, sem avançar em áreas como a da pecuária, é o que se consegue com o crescimento vertical da produção, via mais produtividade.
Trabalhamos para produzir mais soja em rotação com arroz nas terras baixas e para ampliar a produção da canola nos campos que ficam sem nenhuma ocupação no inverno. Não queremos deixar de exportar grãos, que é um bom negócio. Muito menos deixar de vender o farelo ou o óleo depois de uma primeira transformação, o que é uma atividade muito boa. Mas, fundamentalmente, nos empenhamos para vender mais frangos e suínos, numa terceira agregação de valor, o que é um excelente negócio para a produção gaúcha. Plantar, colher e esmagar a soja e a canola para do grão extrair o biodiesel e obter farelo para se transformar em ração animal é o processo ideal para a nossa economia.
Com o que reivindicamos, a indústria do biodiesel, que no ano passado, acrescentou R$ 2,2 bilhões ao PIB gaúcho e gerou R$ 265,6 milhões de ICMS, aumentará seu desempenho em pelo menos 40%. A medida, por si só, representaria disponibilizar mais 2,2 milhões de toneladas de soja para o esmagamento, aumentar em 1,7 milhão de tonelada a produção de farelo, reduzir o custo de produção do leite, do frango e do porco e agregar mais R$ 106 milhões de reais em nossa receita do ICMS.
Estamos convencidos de que a medida que pleiteamos está madura. A hora é agora.
Luiz Fernando Mainardi é secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio