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Pesquisa

Brasil pode plantar mais soja sem desmatar a Amazônia, mostra estudo


Correio Braziliense - 11 out 2022 - 10:48

Preservar a Amazônia e aumentar a produção de soja no Brasil parecem duas coisas que não são possíveis de caminhar juntos. Porém, um estudo publicado este mês na revista Nature aponta que isso é possível. De acordo com os cientistas da Universidade de Nebraska-Lincoln, nos Estados Unidos, da Universidade de São Paulo, Universidade Federal de Santa Maria, da Universidade de Goiás e da Embrapa, a resposta está no aproveitamento do potencial de produzir nas terras agrícolas já existentes. Com isso, o Brasil poderia aumentar a produção anual em 36% até 2035 e ainda reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 58%.

Para isso, são elencados três pontos importantes: aumentar significativamente os rendimentos das culturas de soja; cultivar uma segunda safra de milho em campos de soja em determinadas áreas; e criar mais gado em pastagens menores para liberar mais terra para a soja.

“Esta abordagem fortalece a agricultura enquanto protege os ecossistemas frágeis, que são importantes do ponto de vista da mitigação das mudanças climáticas, bem como da conservação da biodiversidade”, disse Patricio Grassini, um dos autores do estudo. Segundo os pesquisadores para que a estratégia funcione será preciso instituições fortes, políticas adequadas e fiscalização.

Segundo o estudo, a previsão é que o Brasil use 57 milhões de acres para produção de soja nos próximos 15 anos. Um quarto dessa produção deve ocorrer em terras ambientalmente frágeis, como áreas de floresta tropical e o Cerrado. De acordo com estudo publicado na Nature no ano passado, a soja foi responsável por 10% do desmatamento ocorrido em duas décadas na América do Sul.

Os cientistas destacam que, desde 2000, o Brasil tem usado incentivos fiscais para desacelerar o desmatamento. Desde 2006, o Brasil é signatário de acordo para que indústrias e exportadores do grão não comprem soja vinda de áreas desmatadas após esta data, por exemplo. Porém, o aumento no preço das commodities e o impacto da pandemia de covid-19 coloca a Floresta Amazônica em ameaça. O desafio agora para todo o mundo é proteger o meio ambiente e manter o crescimento econômico.

Thays Martins – Correio Braziliense