Biocombustíveis serão fundamentais para carbono zero em 2050
A produção de biocombustíveis será fundamental para a substituição de fósseis e possibilitar emissões líquidas zero (net-zero) em 2050. Essa é uma das principais conclusões de uma análise de cenários para descarbonização da economia brasileira, apresentada pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
A instituição projetou três cenários de redução de emissões e ações de transição energética: “Transição Brasil”, “Transição Alternativa”, e “Transição Global”.
No cenário “Transição Brasil”, consideram-se as atuais políticas públicas para a transição energética, para atingir a meta de carbono zero em 2050. O cenário “Transição Alternativa” avalia o cumprimento das metas de forma mais gradual, enquanto o “Transição Global” prevê ações mais drásticas por parte do Brasil.
Nos três cenários, especialmente o denominado “Transição Brasil”, os derivados começam a perder espaço na década de 2030 e recuam mais forte após 2040.
Esse quadro considera avanço na oferta de biocombustíveis, como diesel verde (HVO), combustível sustentável de aviação (SAF) e biogás, entre outros, destacou Rafaela Guedes, pesquisadora sênior do Cebri, em evento realizado nesta quarta-feira (27/8).
Além disso, os cenários projetam avanço mais forte da geração renovável na matriz energética, especialmente eólicas e solares, além de um aumento mais acentuado da eletrificação da economia.
Entre 2030 e 2040, projeta-se uma transformação estrutural da matriz energética, enquanto entre 2040 e 2050 aponta-se a consolidação de uma matriz alinhada à neutralidade de emissões.
Guedes apontou ainda a necessidade de ações imediatas para o atingimento de metas de net zero. Entre os pontos estão a definição da estratégia nacional para a energia nuclear, o planejamento da expansão da rede elétrica, o desenvolvimento de cadeias produtivas para o hidrogênio verde e a regulamentação do mercado de captura e armazenamento de carbono.
“Muita coisa precisa acontecer hoje e nos próximos cinco anos, senão perdemos o bonde”, disse Guedes.
Os cenários apontam ainda projeções de crescimento da economia com a transição energética. No cenário mais otimista, “Transição Global”, o Cebri projeta um crescimento do PIB de 3,2% ao ano, com expansão de investimentos da ordem de 6% ao ano na transição energética.
Fábio Couto – Globo Rural