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Soja

Preço da soja desce ao menor nível desde junho de 2007 em Chicago


Valor Econômico - 31 mai 2019 - 14:14

O recrudescimento das disputas comerciais entre Washington e Pequim derrubou as cotações da soja ao menor patamar em 12 anos na bolsa de Chicago. E com as dificuldades de os Estados Unidos, país que é o segundo maior exportador do grão do planeta - atrás do Brasil - em vender seu produto para a China, que responde por cerca de 60% das importações globais, o espaço para valorizações é exíguo.

Cálculos do Valor Data baseados nos valores médios mensais dos contratos de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez) mostram que a soja chegará ao fim de maio com quedas de cerca de 6,5% em relação a abril e de quase 20% em relação a maio de 2018, no mais baixo nível desde junho de 2007. Um cenário que preocupa a cadeia produtiva brasileira, embora para os exportadores o câmbio e os prêmios nos portos estejam compensando parte da baixa dos preços na bolsa americana.

E o tombo de maio poderia ser até maior não fossem os problemas climáticos que estão prejudicando o plantio de grãos em geral nos EUA. Quando as intempéries começaram, havia uma expectativa de que o plantio de milho seria mais afetado e que isso poderia até provocar um aumento da semeadura de soja naquele país, realizado mais tardiamente, mas essa possibilidade também começou a minguar.

O mapa atualizado do Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA (NOAA) mostra uma continuidade das chuvas no cinturão produtor americano de 30 de maio a 6 de junho, em volumes mais baixos que o dos últimos dias. Estados como Iowa, Illinois, Indiana, Missouri, Nebraska e Kansas deverão receber mais de 25 milímetros de precipitações, o que deverá continuar impedindo os trabalhos de plantio.

E a situação de fato é mais delicada para o milho, ainda que soja e trigo também sejam afetados. A "janela" de plantio de milho já acabou em muitos Estados e está prestes a terminar em outros. Segundo o USDA, 58% da área prevista para a safra 2019/20 foram semeados até domingo, ante média de 90% nas últimas cinco safras. "Os atrasos são os piores já registrados", disse Tracey Allen, estrategista de commodities agrícolas do JP Morgan à Dow Jones Newswires. "Estamos navegando em águas desconhecidas".

Por causa desses problemas climáticos, o preço médio dos contratos de segunda posição de entrega do milho deverão encerrar maio com alta superior a 5% em relação a abril em Chicago, enquanto o trigo tende a apresentar valorização superior a 1,5%. Nos dois casos, contudo, há quedas na comparação com maio de 2018.

Fernanda Pressinott, Marina Salles e Fernando Lopes – Valor Econômico