Na contramão do grão e do farelo, óleo de soja valoriza, aponta Cepea
Os preços e prêmios de exportação do óleo de soja subiram no Brasil em julho, impulsionados pela maior demanda, sobretudo para produção de biodiesel no mercado doméstico, aponta relatório mensal do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP.
A expectativa é de que haja redução no excedente exportável com a absorção de parte da produção pelo mercado interno.
De acordo com relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) de julho, a produção brasileira de óleo de soja deve atingir 10,8 milhões de toneladas na safra 2023/24 e o mesmo volume na safra 2024/25. Deste total, 9,15 milhões de toneladas devem ser consumidas no Brasil no ciclo 2023/24, e 9,52 milhões de toneladas devem ficar no mercado doméstico no ciclo seguinte.
No porto de Paranaguá (PR), o prêmio de exportação do óleo de soja para embarque em agosto passou de um desconto de 4,40 centavos de dólar por libra-peso na ponta compradora, no dia 1º de julho, para um desconto de 1,50 centavo de dólar por libra-peso no dia 31. Na ponta vendedora, os prêmios saíram de 2 centavos de dólar por libra-peso de desconto para prêmio negativo de 0,5 centavo de dólar por libra-peso. Em 30 de julho de 2023, o desconto era de 19 centavos de dólar por libra-peso.
Diante disso, levantamento do Cepea mostra que o preço do óleo de soja posto na região de São Paulo, com 12% de ICMS, subiu 9% entre as médias de junho e julho, indo para R$ 6.056,37 por tonelada – o maior valor desde fevereiro de 2023, em termos reais, descontado pela inflação medida pelo IGP-DI. No comparativo anual, o aumento foi de 15,2%, também em termos reais.
Farelo e grãos em queda
De acordo com o Cepea, com a demanda aquecida por óleo de soja, as indústrias devem elevar o esmagamento da oleaginosa, gerando maior excedente de farelo de soja, com efeito nos preços.
Boa parte dos consumidores adquiriram pequenos lotes de farelo de soja para completar os estoques, enquanto aguardam preços mais atrativos nos próximos meses. Com isso, o preço do farelo caiu 4,4% em julho em comparação a junho. Em relação a julho de 2023, a queda foi de 5,7%, em termos reais.
Os preços da soja em grão seguiram pressionados no mercado internacional em julho pela oferta elevada na América do Sul e pela expectativa de safra volumosa no Hemisfério Norte. No mercado doméstico, a pressão baixista foi em parte compensada pela variação cambial.
O dólar subiu 2,8% em relação ao real em julho, em comparação a junho, para média de R$ 5,55. Em relação a julho de 2023, a alta foi de 15,5%.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, de junho para julho, os preços da soja em grão recuaram 0,4% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e 0,3% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Em um ano, as quedas são de 4,3% e 2,5%, respectivamente.
O Indicador Cepea/Esalq – Paraná recuou 0,4% no comparativo mensal e 5,9% no comparativo anual (em termos reais), a R$ 133,50 por saca de 60 quilos. Para o Indicador Esalq/BM&FBovespa – Paranaguá, as quedas foram de 0,6% de junho para julho e de 9% sobre julho do ano passado, com média de R$ 138,09 por saca.
Mercado externo
O contrato de primeiro vencimento do óleo de soja negociado na bolsa de Chicago subiu 5,9% em julho, para US$ 0,4628 por libra peso (US$ 1.020,27 por tonelada), em um movimento contrário ao da soja em grão e do farelo. A firme demanda para produção de biodiesel nos Estados Unidos e a recompra de contratos impulsionaram as cotações da commodity.
No mesmo mês, o primeiro vencimento da soja em grão recuou 4,8%, para média de US$ 11,1616 por bushel (US$ 24,61 a saca de 60 quilos, em relação ao mês anterior. O contrato de primeiro vencimento do farelo de soja desvalorizou 1,6% em relação a junho, para US$ 356,73 a tonelada curta (US$ 393,23 por tonelada), na média.
Cibelle Bouças – Globo Rural