Isenção de taxa para importação de óleo de soja foi medida correta, diz Abiove
A isenção de tarifas de importação de óleo de soja anunciada na nesta semana pelo governo foi uma medida “correta” diante do cenário de preços elevados, e permite que o Brasil tenha a alternativa de acessar o mercado externo caso haja a necessidade de complementar a oferta do grão no final do ano, disse nesta quarta-feira o presidente-executivo da Abiove, André Nassar.
Segundo ele, até o momento, não há expectativa de escassez de soja para processamento em 2022, mas em anos anteriores a indústria já precisou recorrer à importação em volumes mais significativos.
“Se houver no final da safra algum risco de que a produção não poderá atender, o que não vemos acontecer este ano, o Brasil pode acessar o mercado internacional… Isso aconteceu no final de 2020”, disse ele em videoconferência com jornalistas.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) também afirmou que a recente decisão da Argentina de elevar as tarifas de exportação de farelo e óleo de soja, de 31% para 33%, poderia favorecer os embarques de produtos do Brasil, não fosse a quebra na safra nacional da oleaginosa.
“A nossa exportação vai crescer mais por causa da Argentina? Deveria ocorrer, mas o problema é que tivemos uma quebra de safra muito grande”, disse ele.
Os argentinos são os principais exportadores globais de óleo e farelo de soja.
Nassar ressaltou que ainda não se sabe ao certo qual volume o país sul-americano poderá embarcar neste ano, mas o anúncio da elevação tributária, em si, já foi suficiente para deixar o mercado preocupado quanto à oferta no mercado internacional.
“Então, o incentivo para o Brasil exportar mais (óleo) existe”, afirmou ele, porém a disponibilidade do grão para processamento é limitada.
Uma seca e altas temperaturas ocorridas na região Sul e em Mato Grosso do Sul, causadas pelo fenômeno climático La Niña, afetaram o potencial produtivo da safra 2021/22 de soja no Brasil.
Entretanto, o economista-chefe da Abiove, Daniel Furlan, acrescentou que apesar da quebra de safra, haverá oferta suficiente para atender a indústria esmagadora.
“Não vai faltar nem farelo nem óleo para o mercado”, disse ele, durante evento para divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do biodiesel –que tem no óleo de soja sua principal matéria-prima.
Nayara Figueiredo – Reuters
