Chuva ainda é insuficiente para acelerar plantio da soja em MT
Mato Grosso, maior produtor nacional de soja, ainda enfrenta percalços com o início da safra 2024/25 da oleaginosa. Até a última sexta-feira (4/10), o Estado semeou 2,09% da área prevista para o novo ciclo. De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o plantio está 12,16 pontos percentuais menor quando comparado com o avanço em mesmo período do ano passado.
“Vale ressaltar que os volumes de precipitação observados na semana passada não foram suficientes para atingir a umidade adequada ao cultivo na maior parte do Estado, o que limitou o progresso da semeadura”, destacou o Imea, em boletim.
No mês de setembro, as chuvas acumuladas em Mato Grosso variaram entre 10 e 20 mm na maior parte do Estado, com destaque para as regiões noroeste e parte da oeste que receberam volumes superiores, entre 30 a 50 mm.
O instituto ainda destaca que alguns produtores arriscaram a semeadura com o solo extremamente seco, com o receio de atrasar a instalação da segunda safra.
Mesmo com os problemas relacionados com o clima, o Imea manteve inalterada, em relação a setembro, sua estimativa de área plantada com soja em 12,66 milhões de hectares. O número indica aumento de 1,47% se comparado com a semeadura do último ciclo.
A projeção para a produtividade se manteve inalterada, em 57,97 sacas por hectare, o que representa um incremento de 11,15% em relação à safra passada.
Também não houve mudanças para a produção que será colhida, que permaneceu em 44,04 milhões, mas que deve crescer 12,78% se comparada com a safra 2023/24.
Milho
O maior produtor de milho nacional, Mato Grosso, deve reduzir em 0,14% a área de plantio destinada ao cereal na temporada 2024/25. Os agricultores locais devem plantar 6,79 milhões de hectares de milho, de acordo com o Imea, que divulgou sua primeira estimativa para a nova safra do cereal.
“Neste primeiro momento, os produtores continuam desestimulados em relação ao cultivo de milho em algumas regiões do Estado”, disse o instituto, em boletim, relacionado o desinteresse com o momento de preços baixos da cultura.
Ainda segundo o Imea, apenas nas regiões médio-norte, e noroeste do Estado as projeções para a safra são positivas, devido à implantação de uma nova usina de etanol, o que deve estimular a demanda nestas regiões.
No que tange aos rendimentos, a primeira projeção do Instituto ficou em 111,74 sacas por hectare, retração de 3,33% em relação ao que foi consolidado na safra 2023/24. Esses números, no entanto, são preliminares, e podem sofrer alterações.
“O Imea segue como metodologia a média das últimas três safras, uma vez que há outros pontos que podem impactar nos rendimentos no decorrer do desenvolvimento da safra, como por exemplo: as condições climáticas, ocorrência de pragas e doenças, além das incertezas dos investimentos dos insumos para o cultivo”.
Também para este novo ciclo, a projeção é de queda na produção, de 3,47%, que pode chegar a 45,54 milhões de toneladas.
Safra 2023/24
O Imea também divulgou os resultados consolidados da safra de milho em 2023/24. A área semeada em Mato Grosso caiu 9,22% quando comparada à anterior, para 6,80 milhões de hectares.
“Essa queda se deve ao desestímulo dos produtores em relação a cultura, uma vez que as margens estavam mais apertadas, optando assim por cultivar outras culturas como por exemplo: o gergelim, o sorgo e o algodão, dependendo do cenário de cada região”, ressaltou o Imea.
A produtividade dos milharais passou de 116,80 sacas por hectare em 2022/23 para 115,59 sacas na safra que se encerrou.
Por fim, com a diminuição da área e da produtividade para o ciclo, a produção de milho para a safra 2023/24 em Mato Grosso fechou em 47,17 milhões de toneladas, retração de 10,16% quando comparado com a safra 2022/23, mas a segunda maior produção da série histórica do Estado”, destacou o instituto.
Algodão
A primeira estimativa da safra de algodão 2024/25 em Mato Grosso, feita pelo Imea, revela que a área semeada no Estado deve crescer 6,90% em comparação com o ciclo anterior, para 1,56 milhão de hectares.
“Apesar de os preços do algodão não estarem em altos patamares, nesse primeiro momento, o cenário de incremento é sustentado pela melhor rentabilidade do algodão em relação às demais culturas”, disse o Imea, em boletim.
Em relação à produtividade, devido aos fatores que podem impactar no indicador ainda estarem todos em aberto, como o percentual de áreas semeadas dentro da janela ideal, as condições climáticas no decorrer da temporada, além da incidência de pragas e doenças, a projeção ainda é limitada, ressalta o instituto.
Diante disso, como metodologia, o Imea utiliza a média ponderada das produtividades das últimas três safras, o que resultou no valor médio de 284,27 arrobas por hectare, redução de 2,63% se comparado com o estimado para o ciclo 2023/24.
Diante dos dados de área e produtividade estimados para a safra 2024/25, a produção de pluma ficou projetada em 2,77 milhões de toneladas, volume 4,12% maior que o esperado para a safra 2023/24.
Paulo Santos – Globo Rural