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Soja

Biodiesel intensifica aposta em projetos de esmagamento de soja


Globo Rural - 22 set 2025 - 09:07

As empresas da cadeia de soja planejam investir R$ 5,9 bilhões nos próximos 12 meses, de acordo com levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). O valor é 2,4% superior aos R$ 5,76 bilhões que as empresas haviam anunciado para os últimos 12 meses.

Desde o início de 2025, os desembolsos já somaram R$ 4,5 bilhões, o que representou um acréscimo na capacidade de processamento de soja de 15 mil toneladas por dia.

Se os investimentos previstos se concretizarem, as indústrias vão adicionar 8,1% à capacidade instalada, ou 18,8 mil toneladas por dia. Com isso, a capacidade de esmagamento subirá para 250,4 mil toneladas de soja por dia, ou 82,6 milhões de toneladas de soja ao ano. A expansão da capacidade de esmagamento será mais forte do que a deste ano, quando o ritmo de crescimento foi de 5,7%, para 76,4 milhões de toneladas.

“O setor cresce tanto em projetos novos quanto aproveitando o capital investido por meio de expansões. Vemos uma preponderância das indústrias no Centro-Oeste, mas há uma participação crescente do Matopiba [região que engloba Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia]. Isso mostra que a região cresce não só em produção agrícola, mas também em industrialização”, disse ao Valor o diretor de economia e assuntos regulatórios da Abiove, Daniel Furlan Amaral.

De acordo com o levantamento da entidade, nos últimos 12 meses, a capacidade de processamento de soja cresceu 33,3% no Maranhão, 30,1% em Tocantins e 19,6% na Bahia, bem acima do aumento médio no país, de 7,3%. No Piauí, a capacidade ficou estável. Em Mato Grosso, o aumento foi de 21%.

Unidades em operação

No Brasil, havia 67 empresas atuando no processamento no ano passado, número que cresceu 11,9% neste ano, para 75. O total de plantas industriais ativas passou de 113 para 127, um aumento de 12,4%. Já o número de unidades paralisadas caiu de 19 para 17.

Amaral observou que a ampliação da capacidade das indústrias continua sendo puxada pela demanda firme por óleo de soja, principalmente para a produção de biocombustíveis voltados ao mercado interno.

“As empresas estão avaliando o cenário para longo prazo, e a tendência é que essa demanda se mantenha aquecida nos próximos anos. A Lei do Combustível do Futuro traz essa confiança de que o país vai continuar substituindo combustíveis fósseis por renováveis”, afirmou o diretor.

Em agosto, a mistura obrigatória de biodiesel no diesel de origem fóssil passou de 14% para 15%. A SCA Brasil estima que esse aumento representará um acréscimo de 1 bilhão de litros na produção de de biodiesel, chegando a 10,3 bilhões de litros até agosto de 2026. No Brasil, o óleo de soja é a principal matéria-prima para a produção do biocombustível. A mistura deve subir para 16% em 2026, segundo o cronograma do programa Combustível do Futuro.

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Já a demanda por farelo de soja tem crescido principalmente no mercado externo, disse Amaral, com aceleração das compras de países da Ásia, do Oriente Médio e norte da África. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que as exportações de farelo crescerão 5% em relação à safra 2025/26, para 23,6 milhões de toneladas. O consumo no mercado interno deverá crescer 2,6%, para 20 milhões de toneladas.

A Abiove não tem ainda uma estimativa para a safra 2025/26 de soja. A Conab estima que a produção crescerá 3,6%, para 177,7 milhões de toneladas.

Novas fábricas no Sul e no Centro-Oeste

De acordo com a Abiove, fazem parte da lista de investimentos previstos para os próximos 12 meses a construção de quatro esmagadoras de soja e a ampliação de uma unidade industrial.

Entre os projetos está o investimento de R$ 1,3 bilhão que a Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo) fará em segunda planta de processamento de soja. A unidade, em Palmeiras de Goiás (GO), deverá entrar em operação em 2027 e fará sua capacidade de esmagamento passar de 5,5 mil para 11 mil toneladas diárias.

O Grupo Potencial investe em uma esmagadora de soja em Lapa, na região metropolitana de Curitiba. A planta terá capacidade para esmagar 3,5 mil toneladas de soja ao dia. O aporte deverá ser de R$ 1,7 bilhão, e a inauguração está prevista para julho de 2026.

O grupo Olfar espera concluir em setembro de 2026 as obras da fábrica de Porangatu (GO), que terá capacidade para processar 3 mil toneladas por dia. O investimento na planta será de R$ 702 milhões.

A Agrodanieli investe R$ 250 milhões em uma unidade de processamento em Tapejara (RS), com capacidade para esmagar 1,6 mil toneladas de soja por dia, além de um armazém para 2 milhões de sacas. A Vaccaro, que inaugurou uma esmagadora em Erechim (RS) em março, investe em novas estruturas no complexo industrial.

Cibelle Bouças – Globo Rural