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Soja

Área menor de soja nos EUA beneficia produtor brasileiro


Folha de S.Paulo - 01 jul 2022 - 10:29

Os novos números da área de plantio e os de oferta e demanda de soja dos Estados Unidos são um alívio para os produtores brasileiros.

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reduziu, nesta quinta-feira (30), a área de soja para 35,7 milhões de hectares no país, 1,1 milhão a menos do que o departamento previa em março último.

Com base nesse número de área e na tendência de produtividade, a AgRural estima uma produção de 122,7 milhões de toneladas de soja nos Estados Unidos na safra 2022/23.

Levando em consideração essa estimativa de produção e os dados de consumo previstos pelo USDA, Daniele Siqueira, analista da AgRural, estima estoques finais de apenas 4 milhões de toneladas na safra 2022/23. Um volume muito baixo, segundo ela.

Se confirmado, esse volume daria para apenas 12 dias de consumo, um patamar que se aproxima do menor já registrado no mercado norte-americano. Em 2013/14, os estoques finais eram suficientes para apenas 10 dias de consumo.

O USDA comunicou que ainda fará novo levantamento de área de plantio nos estados de Dakota do Norte, Dakota do Sul e Minnesota, que tiveram plantio mais atrasado.

Daniele acredita que esse novo levantamento não deverá alterar em muito os dados atuais. Isso significa que, a partir de agora, qualquer condição climática mais adversa nos meses de julho e de agosto afetará a produtividade, influenciando os preços da oleaginosa.

No dia 12 de julho, o USDA revê os números de oferta e demanda de soja, mas, como faz sempre, não deverá divulgar números que indiquem forte mudança no cenário. Isso será feito com ajustes pontuais durante o ano comercial.

Esse quadro de uma safra menor nos Estados Unidos favorece as exportações do Brasil. Embora a safra brasileira tenha sido menor, os produtores tinham, no final de maio, mais soja nas mãos do que no mesmo período do ano passado.

O esmagamento de soja foi acelerado nos primeiros meses do ano, resultando em exportações recordes de farelo e de óleo de soja, provocadas pelos bons preços dos produtos no mercado internacional.

Daniele afirma que as exportações brasileiras estão estimadas em 77 milhões de toneladas neste ano. Devido à morosidade das vendas, os produtores terão soja para comercializar no final do ano.


Os números do USDA indicam um quadro mais tranquilo para o milho. A área cresce 200 mil toneladas, em relação às estimativas de março, subindo para 36,4 milhões de toneladas, com potencial de 368,4 milhões de toneladas.

Os produtores brasileiros seriam beneficiados em um eventual problema climático nas lavouras dos norte-americanos nos meses de julho e de agosto.

Se isso ocorrer, os importadores vão ter de recorrer ao Brasil e à Argentina, uma vez que a Ucrânia não terá produto para ofertar, devido à guerra com a Rússia.

Apesar da redução de área do plantio de soja, o mercado de Chicago fechou em baixa nesta quinta-feira. A previsão de boas chuvas nos próximos dias provocou uma queda nos preços das principais commodities.

O contrasto de novembro da soja, o mais líquido, caiu para US$ US 14,58 por bushel (27,2 kg), com redução de 1,4%. O milho para dezembro teve queda de 5,%, e o trigo para julho recuou 5,1%.

No mercado interno, a soja esteve cotada em R$ 187,50 por saca em Cascavel (PR), acima dos R$ 184 de há uma semana. Já o milho caiu para R$ 85 na mesma cidade paranaense, abaixo dos R$ 87,50 da semana passada, conforme pesquisa da AgRural.

Mauro Zafalon - Folha de S.Paulo