PUBLICIDADE
CREMER2024 CREMER2024
Mamona

SLC aposta em mamona na safra de inverno


Valor Econômico - 27 mar 2014 - 09:46 - Última atualização em: 29 nov -1 - 20:53
SLC Evogene_270314
Atenta às possibilidades de diversificação do portfólio de produção, a SLC Agrícola, uma das principais empresas de grãos e fibras do país, fechou acordo com a israelense Evogene para o plantio comercial de mamona. A cultura é considerada pela SLC uma alternativa para a safra de inverno brasileira.

O negócio, firmado por meio da Evofuel, subsidiária integral da Evogene, prevê a semeadura de 2 mil hectares de mamona em 2016, quando se espera que todo o pacote tecnológico esteja disponível para o cultivo. "A Evofuel desenvolveu variedades de porte baixo para que a colheita possa ser mecânica, e não mais manual. Agora, estamos à espera de que terminem os ajustes da colheitadeira que a empresa ajudou a desenvolver para que possamos testar", afirmou Aurélio Pavinato, CEO da SLC Agrícola.

A parceria entre a companhia brasileira e a Evofuel começou há pouco mais de três anos. De início foram feitos testes em menor escala, em áreas de 20 a 25 hectares. Os resultados, promissores, estimularam a SLC Agrícola a ampliar os investimentos para transformar a mamona em um novo negócio da empresa. "Obtivemos produtividades elevadas nos testes, de 2 mil a 2,5 mil quilos por hectare", disse Pavinato.

De fato, esse rendimento é muito superior à média brasileira da safra 2013/14 de mamona, estimada em pouco mais de 600 quilos por hectare, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Atualmente, a área plantada com a oleaginosa no país alcança 105,9 mil hectares, com uma expectativa de produção de 64,5 mil toneladas.

O elevado potencial produtivo das variedades da Evofuel é fruto de pesquisas genômicas destinadas ao melhoramento da mamona, a partir de uma coleção com mais de 300 linhagens da planta, de mais de 40 regiões diferentes do mundo, segundo a companhia israelense. "Esse é um passo significativo em nosso relacionamento de três anos com a SLC e, além disso, representa o primeiro acordo comercial para a venda das sementes desenvolvidas pela Evofuel", afirmou Assaf Oron, gerente geral da Evofuel, em comunicado.

Inicialmente, o plantio se concentrará nas fazendas da SLC no Nordeste do país, especialmente na Bahia, onde a empresa tem cinco unidades, e no Maranhão, onde estão duas outras propriedades. "Dando certo lá, a cultura pode ser adaptada a outras regiões. O fato é que é uma ótima alternativa ao milho e também ao girassol na segunda safra. Ao preço de hoje, é altamente rentável", disse Pavinato.

O executivo não revelou detalhes da lucratividade, mas a tonelada do óleo de mamona é vendida a R$ 6,8 mil no país, acima dos R$ 5,75 mil por tonelada do óleo de girassol e mesmo dos R$ 2 mil por tonelada do óleo de soja, segundo levantamento do Centro de Referência da Cadeia de Biocombustíveis para a Agricultura Familiar (CREFBio), ligado à Universidade Federal de Viçosa.

O alto valor do óleo de mamona é, aliás, um dos fatores pelos quais a cultura, grande aposta de inclusão do Semiárido nordestino à época do lançamento do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, em 2005, não prosperou. De acordo com a Aprobio, associação que representa os produtores de biodiesel do país, foram ofertados 2,91 bilhões de litros em 2013, que geraram um faturamento de R$ 6,3 bilhões - basicamente a partir de óleo de soja e sebo bovino.

Hoje, o óleo de rícino, como também é conhecido o subproduto da mamona, é utilizado na produção de lubrificantes e tem outras centenas de aplicações industriais. "Mas na medida em que houver escala, a mamona voltará a ser competitiva para a produção de biodiesel", previu Pavinato.

A SLC Agrícola cultivou 344 mil hectares na atual safra 2013/14, principalmente com soja, algodão e milho. No quarto trimestre de 2013, a companhia registrou um prejuízo líquido de R$ 1,726 milhão, ante um lucro líquido de R$ 50,846 milhões em igual trimestre de 2012. No acumulado de 2013, o resultado líquido foi positivo em R$ 96,603 milhões, 151,4% de aumento em relação ao ano anterior.

Mariana Caetano – Valor Econômico