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Dendê / Palma

A aposta da ADM na palma - Diego Di Martino [AgriBio]


BiodieselBR.com - 24 jul 2012 - 15:49
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De origem norte-americana, a Archer Daniels Midland Company (ADM) é uma das maiores companhias do ramo de transformação de produtos agrícolas do planeta, com atuação em 71 países e US$ 80 bilhões em faturamento – presente no Brasil desde 1997, ela é a 6ª maior exportadora do País. A empresa já atua no mercado brasileiro de biodiesel há alguns anos e, recentemente, anunciou planos de começar a investir no plantio de palma de óleo na Região Norte. Para falar sobre esse novo investimento e como ele se conecta com a estratégia de fomento à agricultura familiar, o gerente de desenvolvimento de projetos da companhia, Diego Di Martino, ministrou a palestra “A aposta na palma para o futuro da usina e dos agricultores”.

Segundo ele, o projeto da ADM visa chegar a 12 mil hectares plantados nos próximos três anos. Desse total, 40% deverá ser de áreas agregadas através de parcerias com cerca de 800 famílias que vivem de pequenas propriedades rurais. O restante virá de grandes agricultores comerciais que serão estimulados a trocar áreas de pastagem degradada pelo cultivo da palma. No centro desse projeto estará uma unidade de esmagamento e produção de óleo que deverá ser instalada até 2015 pela empresa.

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“Esse modelo de negócios está sendo novidade para a gente”, reconhece Di Martino, informando que há grandes desafios em lidar com os agricultores familiares da região. “O estágio da agricultura familiar no Pará é basicamente de subsistência. A maioria nem sabia o que é uma DAP”, contou. A empresa está começando o trabalho com esses agricultores justamente com ajuda ao acesso às linhas de financiamento disponíveis pelo Pronaf – cerca de 150 delas já conseguiram acesso ao Pronaf Eco.

Se tudo sair como o planejado, os agricultores envolvidos nesse projeto teriam um aumento significativo em sua renda. Desenvolvido em quatro municípios num raio de 170 quilômetros da capital paraense de Belém, esse trabalho poderá modificar para melhor a vida de uma das regiões e menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do País. “São famílias muito humildes que trabalham na terra há bastante tempo, produzindo mandioca, açaí e pimenta do reino, mas que nunca tinham tido acesso a um sistema de escoamento da sua produção. Eles tem módulos pequenos de, no máximo, 10 hectares e vão plantar uma média de 7,5 ha de palma”, contou.
 
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Rastreabilidade

Para o palestrante existe uma diferença muito clara entre a forma como outros países fizeram a expansão de suas lavouras de palma de óleo e a forma como o Brasil vem construindo sua experiência nesse sentido. “Enquanto no Brasil você não pode desmatar para plantar palma, em outras partes do mundo, as empresas estão enfrentando uma pressão enorme da ONGs por causa dos desmatamentos”, conta. A ADM é signatária da Roundtable on Sustainable Palm Oil (RSPO) – organização internacional que estabelece critérios para a produção sustentável de palma – e a cadeia que a empresa está implementando já deverá nascer devidamente certificada. Para tanto, a empresa precisará ter a rastreabilidade de todo o processo.

A precariedade da infraestrutura é o maior desafio no caminho da ADM. Por isso a companhia está agindo no sentido de firmar parcerias com o governo do estado, os sindicatos e outras empresas atuantes na região para sanar as carências em investimentos nas áreas de energia elétrica, transportes e saúde pública. “Acho que isso virá com o tempo”, comenta com certa dose de otimismo.

Outro desafio difícil de ser enfrentado por projetos de agricultura familiar na região amazônica é a regularização fundiária. Boa parte dos pequenos proprietários não possui o título de posse definitiva das terras que ocupam há décadas. Um desafio que depende do governo para ser solucionado.

Apesar de todas essas dificuldades, Di Martino diz não ter dúvidas de que o potencial brasileiro para o plantio de palma de óleo é muito superior ao de qualquer outro país.

Fábio Rodrigues - BiodieselBR.com