Grupo de Rainha recebe financiamento de R$ 1 mi para plantar mamona
O governo federal destinou quase R$ 1 milhão para o grupo do líder José Rainha Júnior, dissidente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), plantar mamona no Pontal do Paranapanema, extremo oeste de São Paulo. A verba, de R$ 973.598,25, já foi toda liberada. A última parcela, no valor de R$ 351.198,25, caiu na conta da Federação das Associações dos Assentados e Agricultores Familiares do Oeste Paulista (Faafop), entidade criada por Rainha, na semana passada.
O convênio, assinado pela entidade com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), destina-se a fomentar a produção de oleaginosas nos assentamentos do Estado de São Paulo, no âmbito do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel do governo federal. Rainha disse hoje que o dinheiro foi repassado aos 1.200 assentados que aderiram ao programa. "Cada um plantou dois hectares (20 mil metros quadrados) de mamona", garantiu.
A planta não atrapalha a produção de alimentos porque utiliza apenas 10% da área total do lote, segundo ele. Algumas áreas, inclusive a do lote que Rainha mantém com o irmão Bertoldo no Assentamento Antonio Conselheiro, estão em fase de colheita. "Como não temos estrutura para extrair o óleo, vendemos a produção."
A mamona em caroço foi entregue à empresa Biobrás, de Dom Aquino (MT), que tem uma unidade em Campinas, interior paulista. De acordo com Rainha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende ir à região para conhecer o programa. A visita, inicialmente agendada para o dia 8, ainda depende de confirmação. "A definição talvez saia amanhã."
Visita Presidencial
Segundo Rainha, o presidente vai fazer o lançamento oficial do programa do biodiesel no Pontal e deve entregar uma fazenda desapropriada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para assentamento de famílias acampadas na região. Lula deve, ainda, visitar um lote com plantação de mamona e moradia financiada pelo governo federal. Se confirmada a visita, ele será recebido no Assentamento Dona Carmen, em Mirante do Paranapanema.
O líder dos sem-terra espera que a direção da Petrobras assine, na ocasião, um protocolo para investir na instalação de uma esmagadora de óleo vegetal na região. "Queremos que a estatal assegure a compra da nossa produção pelo menos por um período de cinco anos", disse.
Alternativa
Sobre o plantio de mamona, Rainha disse que é uma alternativa apenas para o início do programa. "Nosso plano era plantar o pinhão manso, que é mais produtivo, mas depende de um zoneamento que ainda vai ser realizado pelo Ministério da Agricultura." Ele espera a liberação de mais recursos ainda este ano. "Vamos entrar em 2009 com 3 mil produtores e 6 mil hectares de área plantada." Em dez anos, o projeto deve consumir cerca de R$ 50 milhões.
A entidade criada por José Rainha há dois anos já é parceira do governo federal em um programa de moradias populares nos assentamentos e administra uma verba de R$ 7,2 milhões.
José Maria Tomazela