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União Europeia

Mudança de política pode ser “catastrófica” para biodiesel europeu, diz EBB


BiodieselBR.com - 17 set 2012 - 14:20 - Última atualização em: 29 nov -1 - 20:53
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As mudanças propostas para a atual política de biocombustíveis da União Europeia, se aprovadas, podem levar ao “catastrófico” fim da indústria de biodiesel do bloco, destruindo um setor que movimenta 10 bilhões de euros por ano (US$ 13 bilhões/ano). É o que declarou o Conselho Europeu do Biodiesel (EBB, na sigla em inglês) num comunicado oficial emitido nesta sexta-feira (14).

De acordo com um esboço de proposta elaborado pela Comissão Europeia, que veio a conhecimento público, o uso de combustíveis derivados de gêneros agrícolas seria limitado a 5% do consumo final de energia no setor de transportes até 2020.

As regras esboçadas representam uma mudança significativa na política europeia de biocombustíveis, seguindo-se a preocupações crescentes de que os biocombustíveis agrícolas não sejam tão benéficos para o clima quanto se imaginava e compitam com o mercado de alimentos.

Segundo o EBB, um teto de 5% obrigaria países como Alemanha e França, onde o biodiesel chega a representar 7% do mercado de óleo diesel, a reduzirem o uso imediatamente.

“Depois de haver promovido consistentemente o progresso dos biocombustíveis, parece que a Comissão está pronta para obrigar esses países a regredir e diminuir sua produção”, diz o comunicado divulgado pela EBB.

As regras também preveem uma classificação dos biocombustíveis agrícolas conforme o impacto que eles possam exercer sobre a utilização de terras, o que poderia resultar na penalização de alguns biocombustíveis, de acordo com suas emissões de ciclo de vida.

Com isso, afirma o EBB, os produtores de biodiesel convencional podem encontrar dificuldades para ingressar em mercados de combustível, onde o biodiesel seria substituído por outros biocombustíveis com fatores mais baixos de emissões.

Além disso, a entidade declarou que os modelos de cálculo de utilização da terra ainda não possuem “prova e verificação científica” e não deveriam ser usados como base para decisões regulatórias.

A Comissão propôs ainda que o uso de biocombustíveis de fontes não agrícolas, como os derivados de resíduos vegetais ou efluentes, contem quatro vezes mais que os biocombustíveis convencionais para a meta de 10% estipulada pelo bloco.

Para a EBB, tal medida reduziria o volume real de combustíveis renováveis misturado aos combustíveis fósseis, e dificultaria o desenvolvimento da produção de biocombustíveis em larga escala.

Anteriormente, nesta mesma semana, uma fonte da Comissão Europeia recusou-se a discutir a proposta, afirmando que um documento oficial deverá ser publicado em outubro ou novembro. 

Maior mercado produtor e consumidor de biodiesel do mundo, a Europa vem sofrendo pressões cada vez maiores nos últimos anos, em função da queda nas vendas de biocombustível e do aumento de importações da Argentina e da Indonésia.

Estatísticas do setor mostram que, atualmente, mais de metade da capacidade de produção de biodiesel instalada no continente está ociosa.

Guilherme Kfouri e Maurice Geller
Tradução e adaptação BiodieselBR.com