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Previsão e preparação para aumentar na mistura de biodiesel


BiodieselBR.com - 31 out 2012 - 15:56 - Última atualização em: 31 out 2012 - 18:17
alisio vaz
Os distribuidores de combustíveis do país se preocupam com a possibilidade de o aumento da mistura de biodiesel no diesel mineral vir sem a devida preparação. Segundo eles, o fato de haver capacidade de produção por parte das usinas não significa que o Brasil esteja pronto para aderir ao B7 de imediato. Os argumentos sobre o tema foram expostos por Alisio Vaz, presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), durante a Conferência BiodieselBR 2012.

Representante de empresas que distribuem cerca de 80% dos combustíveis líquidos país afora, Vaz garante que o sistema de logística brasileiro está “extremamente estressado”, em razão de vários fatores. O mais evidente deles está no fato do país ter dimensões continentais. “A distribuição de diesel no Brasil muitas vezes ocorre em distâncias que equivalem ao caminho entre Paris e Varsóvia, na Europa”, exemplificou.

Para Vaz, é necessário ressaltar que o biodiesel é um componente que chega por um caminho diferente dos demais itens que são vendidos por uma grande distribuidora. Enquanto a maior parte dos combustíveis (a gasolina e o próprio diesel mineral, por exemplo) é enviada por dutos a partir das refinarias diretamente até os tanques das distribuidoras, o biodiesel precisa ser levado às empresas por meio de caminhões, um modal muito mais custoso e propenso a problemas. E as condições das estradas brasileiras são um empecilho a ser considerado.

Os problemas de logística não param por aí. “Hoje nós não temos tancagem suficiente para abrigar mais 40% de biodiesel”, afirmou o presidente do sindicato, em referência à quantidade extra que precisaria entrar em circulação caso o Brasil deixasse o B5 para adotar o B7.

Nesse ponto, ressaltou Vaz, o novo modelo de leilões introduzido este ano estimula uma maior eficiência no uso dos limitados recursos logísticos à disposição das empresas. Ele também destacou que, com a maior flexibilidade do mercado, as distribuidoras passaram a ter mais espaço de manobra para olhar seus custos de uma forma mais global, incluindo variáveis como a confiabilidade dos fornecedores e as condições logísticas das usinas.

Somando-se a isso, Vaz lembrou que o transporte do biodiesel acaba sendo muito caro. Em suas contas, as distribuidoras precisam fazer frente a um custo que hoje está estimado em cerca de R$ 120 para cada metro cúbico de combustível transportado. “As empresas fazem planilhas imensas, com muitas informações sobre frete, desde a origem até o destino, para serem competitivas”, disse. Isso não apenas tem impacto negativo nos preços finais do produto como também expõe todo o setor a maiores riscos. “Um erro nos cálculos e você está fora do mercado.”

Alisio Vaz fez questão de dizer que os distribuidores não estão “fazendo choradeira”, nem se posicionando contrariamente ao acréscimo de novas quantidades de biodiesel ao diesel mineral. Afirmam apenas que é preciso repensar a logística do país antes de dar novos passos, “até mesmo para que no açodamento para aumentar a mistura nós não acabemos prejudicando a própria imagem do produto”.

Em referência à proposta do biodiesel interiorano, apresentada pelo Sindibio-MT durante a conferência, o presidente do sindicato afirmou que o aumento da mistura em apenas alguns estados do país (que já estariam “prontos” para isso) também pode não se mostrar uma boa ideia. “Pense que isso fosse adotado no Mato Grosso, por exemplo. Logo ao lado, em Goiás, seria possível encontrar diesel por R$ 0,20 a menos. Será que o motorista aceitaria pagar a mais pelo produto?”, questionou.

Rosiane Freitas – BiodieselBR.com

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Tags: C2012