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Palestra da Abiove na Embrapa discute óleos vegetais e do biodiesel


BiodieselBR.com - 17 mai 2013 - 16:50 - Última atualização em: 23 mai 2013 - 11:41
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As principais contribuições do programa de biodiesel para o país foram, principalmente: aumento da produção de farelo de soja, em virtude da maior demanda por óleos vegetais, criação de alternativas para uso de produtos, como o sebo e a inclusão produtiva dos agricultores familiares. Com esta introdução o assessor econômico da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais – ABIOVE, Leonardo Zilio, apresentou e discutiu, na Embrapa Agroenergia (Brasília/DF), na segunda semana de maio, a relação entre óleos vegetais e a produção de biodiesel no Brasil.

A equipe da Embrapa Agroenergia tem a preocupação de ouvir o mercado produtivo e, constantemente, especialistas do governo e de instituições privadas do Brasil e do exterior trazem informações que ajudam a direcionar os trabalhos desenvolvidos nesse Centro de Pesquisa, expôs o chefe-geral da Unidade, Manoel Souza Júnior. Nesta linha, ouvir a ABIOVE é uma forma de entender o principal mercado de matérias-primas para o biodiesel, que é um dos nossos focos de pesquisa, completou. 

O Programa Nacional de Produção e Uso de biodiesel – PNPB - veio ajudar diversas cadeias produtivas, como foi o caso do sebo bovino que era um passivo e agora se achou uma solução técnica e ambientalmente viável, que foi em transformá-lo em biocombustível. “Era um produto que não tinha valor, e atualmente, tem valor agregado e mercado organizado”, ressaltou. De acordo com ele, o Brasil produz cerca de 400 milhões de quilos de sebo bovino por ano, sendo que 50% de toda esta matéria-prima vira biodiesel.  

Neste inicio de ano, o sebo bovino representou cerca de 1/5 da produção do biodiesel.  Mas na medida em que os dados de março, abril e maio começarem a ser processados, com a realização da colheita da soja, a situação tende a se reverter e a cultura possivelmente começará a ter maior participação novamente. “Estamos com a maior safra de soja que o Brasil já teve”, disse. No programa de biodiesel o algodão é uma das culturas agrícolas que também vem aumentando a participação nessa cadeia, que, atualmente é de pouco menos de 5%. Outras culturas, apesar de pouco representativas começam a ganhar espaço, como a palma-de-óleo (dendê), especialmente no Pará, na região norte. “A tendência é que nos próximos 5 a 10 anos tenhamos muito mais disponibilidade desse óleo.”, reforça Zilio. 

Outro mercado que vem ganhando espaço é o do óleo de fritura usado. Como tem todas as vantagens ambientais e sociais embutidas está  se formando uma nova cadeia produtiva com o programa do biodiesel. A ABIOVE no final do ano passado criou o site www.oleosustentavel.org.br. Este site, informa o palestrante, tem a finalidade de mapear os pontos de coleta do óleo de fritura usado no País. Hoje, temos 5% de biodiesel na mistura. Na palestra, Zilio faz um questionamento. Por quê não evoluir para percentuais distintos em cada região via matérias-primas distintas? São alternativas que não estavam  previstas e que poderiam acontecer.   

Perspectivas
Nos cenários de crescimento do mercado de biodiesel e, mesmo com a inclusão das outras culturas, a perspectiva é que o óleo de soja siga sendo o principal player na estimativa de 2020 com um cenário hipotético de um B14, de acordo com Zilio. O ano de 2013, devido à expressiva safra de soja, “seria bom para discutir a avançar as políticas de biodiesel”, mas segundo Zilio está sendo perdido. “Se ainda este ano aumentássemos para B7, o impacto na inflação seria imperceptível e haveria muitas vantagens para o Pais”, completou.

Na apresentação, Leonardo Zilio, mostrou toda a cadeia produtiva da soja. Dos 80 milhões de toneladas produzidas, cerca de 13% tem como destino final também  o biodiesel (já que o principal produto é, na verdade, o farelo de soja).  Tomando como base a produção nacional de óleo de soja, cerca de 2 milhões de toneladas são  destinados ao biocombustível. 

Agregar valor às culturas na parte industrial colabora para gerar empregos no País. “Se pensarmos no processamento da soja, nós geraríamos nove vezes mais empregos do que quando se vende a soja in natura”. “Industrializar e agregar valor aos produtos é uma das bandeiras defendidas pela ABIOVE”, afirmou Zilio. Outro estudo mostrado foi a da pegada de carbono, contratado pela Associação, em parceria com a Ubrabio e a Aprosoja. Comparado ao diesel europeu, a produção do biodiesel no Brasil leva a uma redução de 70% de gases de efeito estufa. Nesta linha, o Ministério do Meio Ambiente, solicitou um estudo para garantir que um maior percentual de biodiesel não  aumentaria a emissão de gases do efeito estufa. As respostas do material apresentado ao governo garantem que, pelo menos até o nível B20, somente haveria redução de emissões no cenário nacional.

Pontos positivos
Uma questão interessante é a dos fretes. Com a produção de biodiesel em diversas regiões no País, os caminhões levam diesel e trazem biodiesel e isso colaborou para diminuir o valor dos fretes, pois os caminhões, no seu retorno, vinham vazios. A melhor utilização dos caminhões elevou a eficiência dos transportes de combustíveis.  “Esse estudo será sempre acompanhado pela ABIOVE”, disse. 

A assistência técnica foi outro benefício que o PNPB trouxe. “O Programa colaborou para melhorar o nível tecnológico e desenvolver a cadeia produtiva de algumas culturas, inclusive no caso da soja”. 

De acordo com as informações  apresentadas, a Cargill fez um diagnóstico em 2012 com perguntas sobre a assistência técnica prestada aos agricultores familiares contemplados em seu programa de biodiesel. Nesse sentido, 99% dos entrevistados responderam como ótimo ou bom o domínio dos técnicos enviados, enquanto que 98% definem igualmente a forma como tais assistências foram prestadas. Tais itens ajudam a melhorar a produção e diagnosticar doenças das culturas. De maneira semelhante, 100% dos agricultores entrevistados mostram-se satisfeitos com o PNPB, e gostariam que fosse dada continuidade ao Programa.