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Conferência BiodieselBR 2015

[Conferência] As preocupações dos distribuidores com biodiesel opcional


BiodieselBR.com - 06 out 2015 - 09:23 - Última atualização em: 13 out 2015 - 11:01

As distribuidoras não são entusiastas das propostas ligadas ao uso autorizativo de biodiesel. Segundo seus representantes, iniciativas desse tipo podem acabar colocando ainda mais pressão sobre o – já complexo – sistema de logística de combustíveis no Brasil e abrindo janelas perigosas ao crescimento de fraudes. Quem faz o alerta é o diretor de regulamentação do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), Luciano Libório.

“A nossa posição [sobre misturas autorizativas] é de preocupação”, resume.

O primeiro ponto nem diz respeito tão diretamente à atividade de distribuição. Libório ressalta que, como o biodiesel paga menos tributos do que o diesel mineral, qualquer mudança que incentivo o uso de biodiesel vai diminuir a arrecadação dos governos estaduais por causa do ICMS e federal por conta do PIS/Confins. “Isso é problemático num momento em que o governo passa por uma crise de arrecadação”, lembra.

Mas as complicações vão muito além. Um dos motivos do sistema de leilões de biodiesel ter sido tão bem-sucedido está no fato dele facilitar tremendamente a fiscalização do setor. Basta a ANP comparar as compras das distribuidoras de um lado com as vendas de diesel do outro para saber se as empresas do segmento estão, de fato, fazendo a mistura obrigatória. Projetos de uso autorizativo podem embaralhar esse sistema. “Ter misturas diferenciadas para determinadas regiões seria uma janela para um mercado irregular”, prossegue o executivo.

Gargalos

A ideia de permitir que determinados mercados locais – sejam cidades, estados ou regiões inteiras – usem misturas maiores também pode ser um problema para a distribuição.

No caso de mercados regionais muito concentrados o problema seria de sobrecarga da infraestrutura. Uma das propostas em debate é o B20 Metropolitano que pretende incentivas cidades com mais de 500 mil habitantes a passarem a usar 20% de biodiesel em seus sistemas de transportes coletivos. Isso poderia causar pontos de estrangulamento significativos em alguns dos principais mercados brasileiros. “Digamos que o Rio de Janeiro implementasse o B20, isso criaria uma demanda localizada de investimentos em infraestrutura, tancagem e movimentação de combustíveis”, comenta.

Haveria um complicador adicional no caso de propostas que pretendem permitir que determinadas regiões aumentem e diminuam a mistura conforme o biodiesel esteja mais o menos competitivo em relação ao diesel convencional. “Isso poderia criar variações significativas na demanda regional caso ocorram mudanças repentinas de preço como acontece com o etanol hidratado”, explica acrescentando que, no caso do mercado de diesel as variações seriam ainda mais bruscas. “No caso do etanol, estamos falando do consumidor final que demora mais para reagir à mudanças no preço, no caso do diesel estamos falando de um comprador profissional que olha diariamente para essa questão o que levaria a qualquer variação ser muito mais sentida”, prossegue.

Para Libório, essas variações colocariam uma camada extra de turbulência no segmento. “A gente teria que mudar uma logística que em alguns momentos é voltada ao biodiesel e, em outros, ao diesel mineral”, afirma. “Se é algo mais consistente eu posso me preparar, mas se ficar entre altos e baixos não consigo me planejar direito”, finaliza.

Conferência

Luciano Libório será um dos palestrantes do 2º painel da Conferência BiodieselBR 2015 que debaterá as propostas de uso autorizativo do setor. A discussão será no 1º dia do evento que acontece entre 26 e 27 deste mês no Hotel Tivoli Mofarrej, região central da cidade de São Paulo.

A programação completa do evento pode ser acessada clicando aqui.

Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com