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Energia

Azul e Embraer anunciam voo experimental com bioquerosene


Agência Estado - 19 nov 2009 - 07:23 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:09

A companhia aérea Azul e a Embraer vão realizar, no início de 2012, o primeiro voo experimental - sem passageiros - com o uso de um querosene obtido a partir de cana-de-açúcar. A Azul aceitou testar, em um dos seus jatos Embraer, o bioquerosene, que está sendo desenvolvido pela multinacional de biotecnologia Amyris. Embora o processo de certificação do novo combustível seja longo, o querosene de origem renovável poderá começar a ser produzido em escala industrial em 2013 como uma alternativa ao combustível de origem fóssil, responsável pela alta carga de emissões de CO2 da aviação.

O data do voo de demonstração foi prevista hoje no lançamento de um memorando de entendimento entre as companhias. Também participa do projeto a General Electric (GE), fabricante de motores para jatos. Guilherme Freire, diretor de Tecnologias para o Meio Ambiente da Embraer, explicou que a busca por combustíveis renováveis mobiliza toda a indústria de aviação diante das pressões pela redução das emissões do tráfego aéreo, responsável por 2% de todos os gases de efeito estufa liberados na atmosfera.

O diretor de desenvolvimento comercial da GE, Cláudio Loureiro, afirmou que o novo insumo não demanda alteração no projeto dos motores. Segundo ele, um tipo de biocombustível feito a partir de babaçu já foi testado, com bons resultados, pela companhia Virgin em parceria com a Boeing na Europa, no ano passado. Um outro teste, da americana Continental, deve acontecer em 2010, mas com combustível obtido de biomassa não divulgada.

Segundo o diretor geral da Amyris, Roel Collier, a cana é a matéria-prima mais viável e pode repetir na produção de querosene o grau de redução de emissão de CO2 de 80 a 90% que o etanol representou em relação à gasolina. No entanto, ainda não há um cálculo preciso. Ele explicou que não se trata de produzir um álcool para avião, mas um hidrocarboneto a partir de uma das etapas da produção do etanol. Após a fermentação do caldo da cana, o material que originará o bioquerosene é separado por centrifugação em lugar da destilação.

A tecnologia foi desenvolvida pela Amyris, que tem matriz americana e a Votorantim entre seus sócios no Brasil, na planta-piloto que mantém em Campinas (SP). Collier confirmou que a empresa deve anunciar, em até duas semanas, a aquisição de uma ou mais usinas de álcool para a instalar sua planta no Brasil. Antes do bioquerosene, vai iniciar, em 2011, a produção de biodiesel também a partir da cana. "No futuro, o setor sucroalcooleiro vai se tornar um setor de biorefinarias. Como hoje quebramos o petróleo, o usineiro vai poder escolher que produtos produzir a partir da cana", afirmou.

O vice-presidente operacional da Azul, Miguel Dau, afirmou que ele mesmo vai pilotar o jato Embraer que será empregado no voo experimental. Por rigor formal de segurança, uma mistura de porcentual ainda não definido do bioquerosene será feita em apenas um dos dois tanques do avião. Para Dau, além de atender à necessidade de reduzir emissões, a diversificação da matriz energética da aviação reduz a insegurança em relação à flutuação da cotação internacional do petróleo, já que as companhias têm entre 30 e 40% do seu custo no combustível. "É tudo o que queremos."

Alexandre Rodrigues