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Pentágono move acordo de bioquerosene


Folha de S. Paulo - 22 mar 2011 - 06:12 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:16

O acordo para o desenvolvimento de biocombustíveis de aviação, firmado durante a visita do presidente Barack Obama, é considerado estratégico para os EUA.
O Departamento de Defesa dos EUA, uma das instituições parceiras do novo acordo de cooperação, é o maior comprador de QAV (querosene de aviação) do mundo.

"É uma questão de segurança energética", diz Joel Velasco, vice-presidente de relações externas da Amyris, empresa de biotecnologia americana que é parceira da Embraer em um programa de desenvolvimento de bioQAV a partir da fermentação da cana-de-açúcar.

Apesar da divergência dos dois países em termos de barreiras comerciais para produtos agrícolas e para o etanol, no acordo os EUA também se comprometem a evitar a criação de barreiras internacionais ao comércio e ao desenvolvimento do bioQAV.

Para Guilherme Freire, diretor de tecnologia para o ambiente da Embraer e também diretor-executivo da Abraba (Aliança Brasileira do Combustível para a Aviação), o acordo é a chancela institucional que faltava para as iniciativas privadas.

E também deve estimular o surgimento de novas iniciativas para o desenvolvimento do bioQAV.

Pressionadas pelo alto custo do petróleo e pela agenda ambiental, companhias aéreas e fabricantes de avião em todo o mundo estão em busca de alternativas para um mercado que movimenta US$ 300 bilhões.

Há inúmeros projetos em andamento, com diferentes fontes de matéria-prima: cana-de-açúcar, alga, camelina, pinhão manso, entre outros. Todos partem da mesma premissa: a opção alternativa terá de se adaptar aos motores existentes.

Segundo Freire, vai levar ainda de 5 a 10 anos para que o combustível alternativo se torne comercialmente viável.

Por razões consideradas estratégicas, econômicas e ambientais, o futuro que está sendo desenhado pela indústria prevê que o bioQAV seja produzido a partir de diferentes matérias-primas, em diferentes países.

TESTES
O primeiro voo de bioQAV com passageiros deve acontecer neste primeiro semestre, com um Airbus da Lufthansa. Durante seis meses, o combustível à base de biomassa será adicionado ao QAV tradicional em uma das duas turbinas.

A TAM também tem uma parceria com a Airbus para desenvolver bioQAV a partir de pinhão manso. Um voo-teste foi realizado no ano passado e o combustível está em fase de certificação.

O programa da Embraer com a Amyris, que envolve também a GE (fabricante de motores) e a Azul, tem seu primeiro voo-teste programado para o primeiro semestre de 2012, mas a certificação do produto só deve acontecer a partir de 2015.

MARIANA BARBOSA