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Para Lula, países ricos tratam meio ambiente com desfaçatez


G1 - 21 fev 2008 - 13:03 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta quinta-feira (21) uma forte crítica à falta de comprometimento dos países ricos com a sustentabilidade do meio ambiente. E classificou de “desfaçatez” a maneira como União Européia e Estados Unidos usam artifícios para não adotar medidas para reduzir a emissão gases poluentes.

“Os pobres precisam tomar cuidado porque senão nós, que somos vitimas do desmatamento, que somos vítimas do aquecimento global, vamos pagar a conta porque os protocolos internacionais só servem para os pobres. Os ricos não querem cumprir. E com a maior desfaçatez arrumam argumentos para não cumprir”, disse o presidente.

Lula fez discurso de pouco menos de 50 minutos durante no Fórum Global de Legisladores G8+5. O seminário reúne parlamentares dos EUA, Japão, Alemanha, França, Itália, Canadá, Inglaterra, Rússia, Brasil, China, Índia, México e África do Sul.

Para o presidente, a contrapartida econômica seria uma forma de ajudar os países da África, América Latina e Caribe a desenvolver suas economias. Ele voltou a citar o estímulo aos biocombustíveis.

“Não olhem o programa de biocombustível a partir da Europa onde tudo está arrumado. Não olhem dos Estados Unidos ou do Japão. Olhem a partir do mapa da África, dos indicadores social e da América Latina e do Caribe. E vão perceber que (...) todo agricultor sabe cavar um buraquinho e plantar uma oleaginosa e de lá extrair um combustível não poluente que ele pode ajudar a despoluir o planeta”, disse.

Ele sugeriu que os sejam feitas parcerias produzir biocombustível em países africanos e latino-americanos. Pelo acordo, europeus e americanos comprariam parte da produção e garantiriam renda e emprego aos pobres.

Ele aproveitou para rechaçar o argumento de que os biocombustíveis poderão encarecer o preço dos alimentos ou estimular o desmatamento da Amazônia.

“Temos mais de 400 milhões de hectares de terras agricultáveis. Portanto, não há possibilidade de um cidadão brasileiro dizer em qualquer lugar do mundo ou mesmo dentro da sua casa que é preciso derrubar um pé de arvore da Amazônia para criar gado ou plantar cana, ou alguma oleaginosa”, disse Lula.

Segundo ele, o Brasil já começou a diversificar a produção do biodiesel. “Tenho alertado produtores de biodiesel que não é possível imaginar que a produção é sustentável só na soja porque ela é alimento. E a soja é uma commodity. Não teremos sucesso se utilizar um alimento para produzir diesel”, disse.

“Temos vários outros tipos de oleaginosas que podem produzir biocombustivel, como a palma africana, a mamona. A experiência brasileira pode ser um pilar de salvação para os africanos desde que haja combinação entre o compromisso dos ricos com os pobres”, disse.

Tiago Pariz

Tags: Fórum g8