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Crambe: preço, área plantada e mercado garantido


. - 08 ago 2011 - 05:54 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:17

Ele não concorre com a indústria alimentícia, tem ciclo muito curto (90 dias) - e por isso é bastante adequado para a segunda safra -, seu cultivo é de baixo risco, é ideal para rotação de culturas e pode ser utilizado pela indústria química, na alimentação de ruminantes (farelo) e para a produção de biodiesel. Este é o crambe (Crambe abyssinica), um grão ainda pouco conhecido no Brasil, mas que já conta com uma pequena produção em escala com garantia de mercado.

Atualmente a oleaginosa não é muito desenvolvida em outras regiões pelo mundo. Originária da Etiópia, começou a ser plantada comercialmente nos anos 90 nos Estados Unidos e posteriormente no Reino Unido e em outros países da Europa. O crescimento da cultura acabou sendo inibido. O plantio concorria com culturas de safra, já que as condições climáticas impediam a sua utilização no período da chamada "safrinha".

No Brasil a situação foi diferente. O clima adequado, sobretudo no Centro-Oeste, permitiu seu plantio como cultura de segunda safra. A primeira variedade desenvolvida em solos brasileiros foi a FMS Brilhante. A seleção foi feita por pesquisadores da Fundação MS, em Maracaju, no Mato Grosso do Sul, a partir de sementes originadas do México, nos anos 90.

Mas logo uma nova dificuldade surgiu. "Simplesmente faltava comprador para o crambe", conta o engenheiro agrônomo e pesquisador da Fundação MS, Renato Roscoe. De alguns anos para cá a situação, segundo ele, foi mudando: "toda a produção brasileira de crambe tem garantia de comercialização graças à demanda gerada por indústrias como a Granol, de Oswaldo Cruz, SP e a Caramuru Alimentos, de Itumbiara, Goiás, que utilizam o grão para a produção de biodiesel".

De acordo com números atualizados fornecidos pelo pesquisador, dois estados lideram a produção brasileira de crambe: Goiás, com 3,5 mil hectares plantados (regiões de Itumbiara, Rio Verde, Jataí, Luziânia e Formosa) e o Mato Grosso do Sul, com 3 mil hectares (municípios de Ponta Porã, Maracaju, Dourados, São Gabriel e Chapadão do Sul). No MS o ciclo de produção é de março a maio enquanto em GO fica entre fevereiro e abril.

"Também existem perto de 1,5 mil hectares em adaptação em uma propriedade na região de Sorriso, no Mato Grosso, além de desenvolvimento de pesquisas para futuro plantio no norte de Minas Gerais e na Região Nordeste como cultura de safra", revela Roscoe.

A expectativa do pesquisador é de que a cultura tenha um crescimento rápido graças à demanda das indústrias e pela satisfatória remuneração. "A tonelada do crambe está sendo adquirida a um preço médio de R$ 550 para um custo de produção que varia entre R$ 250 a R$ 280 a tonelada", garante.

Roscoe faz questão de frisar que atualmente tudo o que for produzido de crambe no Brasil tem mercado garantido: "só a Caramuru Alimentos tem capacidade para esmagar até 1.500 toneladas/dia, ou seja, toda a atual produção brasileira pode ser processada em menos de uma semana por apenas uma indústria".

O plantio, de acordo com o agrônomo, pode ser feito em linhas de 20 ou 45 cm utilizando tanto semeadoras de soja quanto de trigo e de arroz. Na colheita, Roscoe garante que pode ser utilizada a máquina de soja que, no entanto, deverá ser regulada.

Mas existem alguns gargalos, como o frete mais caro. Tudo em função de um peso mais leve do crambe em relação à soja, por exemplo. A colheita é feita a partir da cápsula inteira, que possui uma bolsa de ar entre a capa e o grão propriamente dito. "A relação é de 60% em comparação com a soja, ou seja, um caminhão que tradicionalmente transportaria 36 toneladas desta oleaginosa consegue levar apenas 22 toneladas de crambe", compara.

Além do biodiesel, o crambe pode ter utilização na área industrial graças ao volume de ácido graxo nele encontrado. "Em todo seu óleo encontra-se 55% de ácido erúcico que pode funcionar como agente deslizante em ligas plásticas. Também está sendo testada sua utilização em transformadores e como lubrificantes, substituindo óleos minerais", conta.

Mais informações sobre o Crambe no site da Fundação MS.

Ariosto Mesquita
Sulnews

Tags: Crambe