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Câmbio baixo motiva empresas brasileiras a investirem na Argentina


DCI - 03 mar 2008 - 07:16 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:06

A diferença cambial entre o Brasil e a Argentina está motivando cada vez mais investimentos brasileiros em empresas do país vizinho. A tendência de fusões e aquisições que já se confirmou em outros setores -só em 2007 houve 19 operações entre os dois países- deve se intensificar agora no agronegócio, com destaque ao setor de biodiesel, impulsionado pela sojicultura.

Para o presidente da Câmara de Comércio Argentino Brasileira, Alberto Alzueto, a associação do grupo Los Grobo, o maior produtor de soja da Argentina, ao fundo brasileiro Pactual Capital Partners não deve ser a única do setor e as relações comerciais devem ficar cada vez mais consistentes. "A maior parte dos negócios dentro da agropecuária será provavelmente em bioenergia: deste setor deve partir o novo impulso no volume de operações", avalia Alzueto. "Isso está acontecendo principalmente porque o dólar aqui está depreciado e lá os investimentos rendem mais", ressalta.

Na Argentina, a política é de incentivo às exportações de produtos de maior valor agregado e, como o Brasil segue sendo exportador de soja apenas como commodity, abre mercado para que o vizinho incremente cada vem mais sua produção de óleo de soja e conseqüentemente a de biodiesel, que em 2007 teve um volume de 300 mil toneladas exportadas. Com isso cresce o interesse de empresas brasileiras de se tornarem acionistas de companhias argentinas para manter sua rentabilidade no setor.

 "Não há como descartar a hipótese de que, nesse contexto, as empresas possam comprar biodiesel da Argentina mais barato e as fábricas brasileiras possam ser prejudicadas" Frederique Abreu


A tendência já assusta alguns setores da cadeia produtiva no Brasil. Em workshop direcionado à agroindústria envolvida na produção de biodiesel, alguns executivos mostraram preocupação quanto a um aumento significativo da demanda de biodiesel no País num momento em que o preço da soja está muito elevado. "Não há como descartar a hipótese de que, nesse contexto, as empresas possam comprar biodiesel da Argentina mais barato e as fábricas brasileiras possam ser prejudicadas", admitiu o coordenador-geral de Agroenergia do Ministério da Agricultura (Mapa), Frederique Abreu quando indagado por um empresário.

Atentos à tendência de investimento no seu país, a maior missão de empresas argentinas que já veio ao Brasil -70 de diversos segmentos- chegará ao País este mês para participar de eventos organizados pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em parceria com a Câmara de Comércio e o consulado argentino. "O mercado está crescendo e demandando associações, e esses empresários estão vindo atrás disso", diz Alzueto.

O movimento de empresas para o exterior cresce a cada ano. Os investimentos diretos brasileiros no exterior saltaram de US$ 54,4 bilhões em 2002 para US$ 114,1 bilhões em 2006 (último dado disponível) e a previsão é que o total tenha superado US$ 150 bilhões em 2007.

Priscila Machado