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Biodiesel chega aos postos mais caro que o previsto


Agência Estado - 01 fev 2008 - 08:20 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

O preço do diesel subiu mais do que o esperado por donos de postos neste primeiro mês de adição obrigatória de biodiesel. Segundo cálculos da Federação Nacional do Comércio Varejista de Combustíveis (Fecombustíveis), a alta média foi de R$ 0,02 por litro, quatro vezes maior do que as estimativas iniciais da entidade.

O biodiesel passou a ser obrigatório no dia 1º de janeiro e, na avaliação de agentes do setor, distribuidoras e postos conseguiram assimilar o novo produto. O mercado, porém, pede maior fiscalização da Agência Nacional do Petróleo, Gas Naturale Biocombustíveis (ANP) contra fraudes.

"Há algumas pequenas questões logísticas, mas nada grave. No geral, as vendas de biodiesel estão indo bem", diz o presidente do Sindicato das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz. "Distribuidoras e postos já estão adaptados e não temos percebido grandes problemas na entrega do combustível", concorda o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda.

O biodiesel é vendido nos postos misturado ao diesel de petróleo, em uma mistura conhecida como B2 (2% de óleo vegetal e 98% de diesel). Miranda diz que a alta no preço surpreendeu. "Esperávamos um aumento de R$ 0,005, mas chegou a R$ 0,02, o que refletir os investimentos feitos pelas distribuidoras para transportar e armazenar o biodiesel", diz. Vaz, do Sindicom, admite a alta, mas alega que o custo do transporte é muito alto, principalmente para mercados mais distantes. "O mercado de diesel é muito competitivo e o próprio consumidor poderá regular, se houver aumentos abusivos."

Os dois executivos comentam que houve problemas de abastecimento no início do mês, quando algumas cidades ficaram sem o combustível, mas a principal preocupação agora é com a fiscalização. "Temos ouvido reclamações sobre distribuidoras que não estão fazendo a mistura", comenta Vaz, calculando em até R$ 0,04 a vantagem obtida por quem vende o diesel de petróleo sem óleos vegetais, mais caros. "A ANP tem que fiscalizar com muito rigor para evitar distorções como as que ocorreram com o mercado de álcool", completa Miranda.

Apesar da garantia de que haverá biodiesel suficiente para sustentar as vendas de B2, as distribuidoras têm enfrentado dificuldades para abastecer clientes que queiram usar um volume maior de óleo vegetal no diesel que consomem, o que é permitido segundo autorização da ANP. A BR, por exemplo, deixou de entregar B20 (diesel com 20% de biodiesel) à Vale no final de 2007.

A distribuidora estatal fornece 11 bilhões de litros por ano à mineradora e, desde meados de 2007, vinha entregando o B20, a pedido do cliente. A BR informou que as restrições na oferta adicional de biodiesel também levaram a uma renegociação do contrato com a empresa de ônibus Itaum Paulista, que previa a entrega de uma mistura com 30% de óleo vegetal (B30). A empresa afirma, porém, que continua fornecendo B2 para todos os seus clientes, entre postos e grandes empresas. Por determinação do governo, a Petrobras concentra hoje as compras de biodiesel junto aos produtores.

Nicola Pamplona