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Biodiesel

R$ 100 milhões em Lucas do Rio Verde


Diário de Cuiabá - 09 ago 2006 - 07:07 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

Grupo André Maggi anunciou ontem a implantação de sua 3ª esmagadora de soja. Foco estratégico se volta ao Médio Norte estadual. Depois de Cuiabá e da planta de Itacoatiara, no Amazona, Lucas do Rio Verde é o alvo dos investimentos

A Amaggi Exportação e Importação Ltda anunciou ontem a construção da primeira esmagadora de grande porte do Médio Norte de Mato Grosso, em Lucas do Rio Verde (360 quilômetros de Cuiabá). A planta está orçada em R$ 100 milhões e terá sua capacidade de produção de 3 mil toneladas (t)/dia voltada ao abastecimento local, que atualmente atrai empresas como Sadia e Perdigão e que tem a demanda por farelo aumentada a cada dia. A produção poderá chegar a 1 milhão/t/ano.

O investimento completa mais uma etapa do planejamento estratégico da trading mato-grossense que visa agregar valor à produção e fomentar a verticalização dos produtos primários e a cultura de soja e milho.

A nova planta vai absorver cerca de 14% da sojicultura do Médio Norte, atualmente responsável por 40% da produção estadual da oleaginosa, ou o equivalente a 7 milhões/t. Levando em consideração as plantas de Cuiabá e de Itacoatiara (AM) e a atual safra de cerca de 16 milhões/t, o grupo passará a ser responsável por 12,5% do esmagamento de soja no Estado. As obras da fábrica de Lucas do Rio Verde tem início neste semestre e a operação está prevista para janeiro e fevereiro de 2008.

As três esmagadoras somarão produção de 6,5 mil/t/dia, quando a planta de Lucas do Rio Verde estiver em operação. Atualmente, existem menos de dez esmagadoras em atividade no Estado.

Dos R$ 100 milhões orçados, 20% são originários de capital próprio e o restante está sendo composto por meio de um mix entre instituições oficiais e estrangeiras.

Como define o diretor presidente da Amaggi, Pedro Jacyr Bongiolo, o grupo está planejando o futuro da atividade. “É o tipo de projeto que, se não fizermos, alguém faz”, exclama.

As lavouras às margens esquerda e direita da BR-163 -- como eles se referem à região -- asseguram a viabilidade logo a curto prazo da esmagadora. “Apesar da crise sobre o setor, analisamos as possibilidades no Estado e optamos pelo Médio Norte. Obviamente, esta planta não foi idealizada da noite para o dia”, justifica Bongiolo.

O diretor superintendente da Amaggi, Waldemir Ival Loto, chama a atenção para as vantagens logísticas do empreendimento. “Vamos consumir a produção local e, portanto, desafogar o transporte e reduzir os custos desta etapa da produção ao produtor”.

O presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Rui Ottoni Prado, acredita que com a consolidação do processamento de soja em Lucas do Rio Verde, “há ganho de competitividade à Amaggi, que poderá remunerar melhor o produtor. A empresa estará com uma margem melhor de lucro e sai em vantagem”.

BIODIESEL -- Na fase inicial de operação, como explica Loto, será necessário direcionar a produção de óleo a outros estados e até mesmo ao mercado internacional. “Como temos certeza de que os projetos de biodiesel vão chegar ao Médio Norte, teremos a demanda por óleo também”, revela. Ele explica que, de modo geral, o esmagamento da soja rende 20% de óleo, 73% de farelo e 5% de casca, que também pode ser utilizada na ração animal.

Bongiolo observa que empreendimentos assim fortalecem a região Médio Norte, “trazem liquidez à produção e atendem às tendências do agronegócio de transformar a proteína vegetal em proteína animal, ou seja, ao invés de comercializar os grãos, comercializam-se aves e suínos, isto é agregar valor”, completa.

MARIANNA PERES FRANCO