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Biodiesel

RN: Agroenergia atenderá a 12,5 mil agricultores


Diário de Natal - 20 fev 2008 - 06:16 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Buscando estimular a produção de novas culturas para a produção de energia, o governo do estado lançou ontem o Programa Estadual de Agroenergia Agricultura Familiar. Inicialmente, a ação vai beneficiar cerca de 12,5 mil agricultores que produzirão algodão e girassol, oleaginosas que serão utilizadas pela Petrobras no processamento de biodiesel para a planta existente no Rio Grande do Norte. A iniciativa foi aplaudida pelos trabalhadores rurais, mas o sucesso ainda dependerá de um fator que foge às mãos do poder público e dos próprios agricultores: o inverno.

O programa é fruto de uma parceria entre a Emater – coordenadora do projeto -, Emparn, Secretaria de Agricultura (Sape) e a Secretaria de Energia, Petrobras, Banco do Nordeste, Banco do Brasil, Fiern e as empresas Nortex, Ponte Di Ferro e Santana Algodoeira. Além do plantio de girassol e algodão, o projeto vai agregar outras culturas como apicultura e a utilização da pluma de algodão – para a indústria têxtil – e a torta de algodão – para a pecuária. O governo do estado está investindo R$ 10 milhões.

Em seu discurso de agradecimento, o presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura (Fetarn), Manoel Cândido, elogiou o projeto do governo, mas chamou atenção para os problemas enfrentados pelos agricultores. O primeiro é a preocupação com a garantia de compra da produção para que a experiência negativa da mamona – na qual os produtores plantaram e depois não tinham para quem vender – se repita. Outra questão que preocupa é que o inverno. Caso as chuvas não sejam suficientes, a produção provavelmente será prejudicada. "Não podemos deixar de considerar esses pontos negativos, porque eles podem inviabilizar o programa".

O óleo extraído das culturas será responsável por 34% da matéria-prima da Planta de Biodiesel da Petrobras. De acordo com o gerente executivo de Desenvolvimento Energético da Gás Energia da Petrobras, Mozart Schimitt de Queiroz, a planta possui capacidade de processamento de até 18 mil toneladas de sementes por ano. Ele foi enfático: "não podemos confirmar a compra de uma safra que ainda não aconteceu. Porém, já temos uma recente e positiva experiência no Ceará, onde compramos 70 toneladas de sementes para a produção e, no dia seguinte à compra, o dinheiro estava depositado na conta dos agricultores. Da parte da Petrobras, queremos que os bons resultados sejam repetidos aqui (no RN)".

Schimitt também rebateu as palavras do presidente da Fetarn sobre a cultura da mamona. "Lamento que a esperança e a vontade de colaborar tenha corrido mais rápido que a preparação da infra-estrutura para receber a produção de mamona". Porém ele garantiu: "plante porque a Petrobras poderá comprar a capacidade de até 18 mil toneladas".

A secretária de Agricultura, Larissa Rosado, afirmou que os agricultores podem ficar tranqüilos. Uma das garantias é o preço de venda dos produtos: R$ 1,30 por cada quilo de algodão e R$ 0,81 pelo girassol.

O diretor da Emater, Luís Cláudio Macedo, explicou que a idéia do projeto é "começar com os pés no chão". A expectativa a iniciativa seja ampliada aos poucos. "Estamos garantindo um preço de referência para estimular que o agricultor plante. Começamos com esses números porque eles seriam possíveis de serem alcançados com mais tranqüilidade, dando um salto com qualidade. Não temos mais o direito de errar no processo de desenvolvimento do semi-árido". O setor de pesquisa da Emater já está trabalhando a possibilidade de incluir também a cultura do pinhão manso e outras variedade de algodão e mamona com maior capacidade de produção de óleo.

Sobre os temores relativos ao inverno, Luís Cláudio, tranqüiliza os agricultores. "Amanhã (hoje) teremos a apresentação de um estudo de vários técnicos com as definições do perfil do inverno. Mas já tivemos contato com outros estados como o Piauí e o Maranhão e o inverno está vindo de forma satisfatória. Esperamos que tenha um bom comportamento aqui também".

VINÍCIUS ALBUQUERQUE