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Biodiesel

Passo importante para a viabilidade do biodiesel


Senador osmar dias - 03 nov 2009 - 07:39 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:09

Acertada a decisão do Governo federal, anunciada na semana passada, de aumentar para 5% a presença de biodiesel na composição do diesel combustível. Porque, ao aumentar de 2% para 5% a participação do biodiesel no diesel brasileiro, o que estamos fazendo é dar um passo importante para chegarmos logo aos 20% de biodiesel, que é aquilo que se espera, já que temos uma estrutura montada para a produção hoje de 3 bilhões e 600 mil litros em 43 usinas de biodiesel espalhadas pelo país. Isso pode chegar rapidamente a 5 bilhões.

O momento é importante para o biodiesel, pois a Europa e também os Estados Unidos não poderão continuar tão dependentes do petróleo e terão que se valer de combustíveis alternativos. Por isso o governo deveria acelerar esse processo e não esperar até 2020 para anunciar o D20 (mistura de 20% de biodiesel no diesel). É preciso encurtar o tempo para aumentar a participação do biodiesel visando formar um mercado cativo e, ao mesmo tempo, promover o estímulo e induzir a instalação de novas indústrias.

Atualmente há projetos para instalação de mais 60 usinas de biodiesel a curtíssimo prazo e aqueles que vão instalar a usina de biodiesel esperam a viabilidade de mercado. O mundo vai produzir no ano que vem 245 milhões de toneladas de soja e é preciso de atenção. Brasil e Estados Unidos aumentaram a área de plantio e a Argentina está aumentando sua área para 19 milhões de hectares. E este aumento de produção poderá trazer um problema muito sério para os produtores, porque já se fala em preços não remuneradores do custo de produção no ano que vem, em função, primeiro, do câmbio que inviabiliza a comercialização e a exportação de commodities.

Do outro lado, a demanda que foi reprimida pela crise, retomada agora, onde a China começa a comprar, mas que há, neste instante, um estoque muito alto. Então, o que precisamos fazer é criar demanda, não apenas para a soja, mas para outras oleaginosas.

A instalação de novas indústrias poderia transformar o Brasil no grande produtor de biocombustível do mundo, já que hoje o Brasil está em 4º lugar, atrás da Alemanha, dos Estados Unidos e da França. Podemos rapidamente chegar ao segundo lugar com o B5 e ao primeiro lugar se o Governo chegar a 7% ou 8% de mistura, permitindo o crescimento do mercado interno. Mas, certamente, teremos um mercado para conquistar na Europa e nos Estados Unidos. Por isso precisamos produzir quantidade com qualidade, e a pesquisa é fundamental.

É muito importante que o Governo prepare a base e tenha um programa real de fomento do biodiesel agora para fazer crescer o mercado interno e para dar garantia a quem produz e conquistar o mercado externo. E passa por tudo isso a necessidade de desoneração da produção do biodiesel para viabilizar um combustível mais barato. Isso faria com que a mistura do biodiesel no diesel representasse dois resultados positivos: melhorar o meio ambiente e melhorar, também, o custo do transporte no País.

O Governo sinalizou positivamente, mas é necessário que todos trabalhem coordenadamente para fazer a mudança acontecer. Cabe ao Ministério da Agricultura, por intermédio da Embrapa, fomentar o investimento em tecnologia bioenergética. E ao Ibama agilizar as autorizações para o funcionamento de novas usinas produtoras de biodiesel.

Para conquistarmos esta meta é preciso ter visão de futuro e organização no presente. Para fazer do nosso país um pólo bioenergético, o governo do Brasil precisa contribuir com menos discurso e mais prática. Precisa investir em tecnologia de produção de bioenergia e também no zoneamento agroecológico para que o plantio seja feito em áreas viáveis para a produção em grande escala. Só assim vamos caminhar rumo ao desenvolvimento sustentado, gerando empregos e aproveitando o potencial natural da nossa terra, a mais rica entre todos os países do Mundo.


Osmar Dias é líder do PDT no Senado Federal