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Biodiesel

Grã-Bretanha diz que vai desacelerar adoção de biocombustíveis


Reuters - 08 jul 2008 - 05:39 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:06

O governo britânico afirmou na segunda-feira que vai desacelerar a adoção dos biocombustíveis a fim de responder à preocupação de que alterar o uso de terras para produzir matérias-primas pode agravar as mudanças climáticas e puxar para cima o preço dos alimentos.

O governo da Grã-Bretanha aceitou as conclusões de um relatório que encomendou e que foi realizado por Ed Gallagher, presidente da Agência de Combustíveis Renováveis. O documento defendeu uma postura mais cautelosa na questão até que mais estudos sejam realizados.

"O relatório Gallagher conclui que a adoção dos biocombustíveis deveria ser brecada até que políticas sejam adotadas a fim de direcionar a produção de biocombustíveis para terras marginais e abandonadas e até que essas políticas mostrem-se eficientes", afirmou a secretária britânica dos Transportes, Ruth Kelly, ao Parlamento do país.

"Em resumo, o relatório conclui que o governo deveria reformar, mas não abandonar sua política de biocombustíveis", acrescentou. "Eu concordo com essas conclusões."

Os biocombustíveis são produzidos a partir de safras como trigo, milho e oleaginosas, ou cana-de-açúcar. E são vistos como uma forma de conter as emissões de gases do efeito estufa responsáveis pela mudança climática.

Críticos dessa alternativa afirmam que a produção de biocombustíveis tira terras da produção de comida, ajudando a elevar o preço dos alimentos e, em alguns casos, provocando a destruição de florestas tropicais.

A proposta da União Européia de fazer com que até 2020 10 por cento do combustível consumido por sua frota de veículos venham de fontes renováveis vê-se cada vez mais criticada.

"Esse relatório envia uma mensagem clara -- usar safras comestíveis para abastecer nossos carros é uma alternativa que corre o risco de agravar as mudanças climáticas e que fará o preço dos alimentos subir para as pessoas mais pobres do mundo", disse Doug Parr, cientista-chefe do grupo ambientalista Greenpeace.

Clare Wenner, chefe da área de biocombustíveis para a Associação de Energia Renovável, disse que as medidas podem criar um ambiente inóspito para os que investem em biocombustíveis.

"A redução na velocidade é decepcionante, mas, quando se compara esse com outros relatórios, com outras condições, tudo contribui para tornar o ambiente muito difícil," afirmou Wenner.

"Meu maior temor é de que os investidores vão correr dessa alternativa neste país."

O relatório veio a público no momento em que o Grupo dos Oito (G8), que reúne países ricos, faz no Japão uma cúpula em que a disparada do preço dos alimentos é um dos principais assuntos debatidos.