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Biodiesel

Fábricas de biocombustível portuguesas estão paradas


Agência Lusa - 28 jul 2008 - 05:28 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:06

"As fábricas portuguesas estão praticamente paradas porque o modelo de introdução de biocombustíveis no consumo não funciona e tem de ser adaptado", alerta presidente da SGC Energia, que detém a Biovegetal, em entrevista à Lusa.

O Governo português aprovou uma resolução que previa que todos os veículos a diesel circulassem com um combustível que incorpore 10% de biodiesel até 2010. Mas hoje, devido à escalada dos preços dos alimentos, essa opção não é obrigatória e as petrolíferas apenas pontualmente celebram contratos com os produtores de biocombustíveis.

"Os empresários nacionais aceitaram o desafio do Governo e investiram mais de 700 milhões de euros em cinco fábricas de biocombustíveis - Iberol, Prio, Torrejana, Sovena e Biovegetal -, mas actualmente, devido à crise, os níveis de produção são bastante inferiores à capacidade máxima das unidades", lembra Vianney Valès.

"O modelo tem de mudar porque hoje o sistema está parado em Portugal", sublinhou o empresário, afirmando que a Biovegetal, localizada em Alhandra, Vila Franca de Xira, que representa um investimento de 100 milhões de euros, arrancou no final de 2007, com uma "capacidade de produção total de 120 mil toneladas por ano", mas apenas produz "entre 150 e 300 toneladas de biodiesel por dia".

"O nosso modelo arrancou numa base de voluntarismo, em que os distribuidores petrolíferos eram convidados a introduzir biodiesel no consumo. Isto no início funcionou mas, com as alterações nos preços internacionais do gasóleo e do óleo vegetal, os distribuidores petrolíferos deixaram de ter interesse em comprar biodiesel", sustenta.

Para Vianney Valès, a solução para relançar a indústria dos biocombustíveis passa pela obrigatoriedade das petrolíferas incorporarem no gasóleo uma percentagem de biodiesel, que este ano deveria ser de 5,75%.

"A França e Alemanha resolveram o problema introduzindo uma obrigatoriedade de introdução de biocombustível no consumo", exemplificou o presidente da SGC Energia, afirmando que "só desta forma é que vamos conseguir lançar esta indústria e os investimentos já feitos".

"Não tenho dúvidas de que vamos encontrar uma solução. Não vamos deixar outros países europeus tomarem conta desde negócio, porque se deixarmos cair estas fábricas vamos perder o comboio todo e não apenas este vagão", avisa.