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Biodiesel

Editorial Diário do Nordeste: Antecipar o biodiesel


Diário do Nordeste - CE - 03 ago 2006 - 06:05 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

A alta nos preços dos combustíveis fósseis, afetando a conjuntura internacional, e o interesse dos países centrais pelos combustíveis alternativos estão levando o governo brasileiro a antecipar a adição de 5% do biodiesel ao óleo diesel. Essa alteração no cronograma da política energética afetará da produção ao consumo final.

Atualmente, a adição de 2% ao óleo diesel vendido nos postos de abastecimento é opcional. A mistura de caráter obrigatório no percentual de 5%, prevista para 2013, vigorará em 2008. Nessa corrida contra o tempo, sairá ganhando quem antecipar, também, o plantio de matérias-primas vegetais como mamona, algodão e dendê.

O governo federal tem, ao seu dispor, dois poderosos projetos para promover o desenvolvimento rural de regiões carentes como o semi-árido nordestino. A garantia de absorção da produção das lavouras xerófilas, que dão os óleos essenciais utilizados como combustíveis, oferecerá aos trabalhadores do campo os instrumentos de progresso.

A Petrobras, detentora dessa política alternativa, definiu o esquema operacional da cadeia de produção, refino e consumo. Não investirá ela em plantio de grãos ou em produção do óleo, focando seu papel na conversão do óleo vegetal no novo produto. Por isso, não deixará de garantir preços compatíveis para esse negócio.

Para assegurar o sucesso do programa, ela necessita dispor, até 2011, 855 mil metros cúbicos de biodiesel por ano. Esse volume corresponde a 85% do necessário para atender à mistura de 2% ao óleo diesel. Sendo o mercado vastíssimo, não descarta os combustíveis fósseis. Complementa a cadeia produtiva petrolífera, aumentando, no País, sua margem de auto-suficiência.

Para viabilizar o plano, foram carreados investimentos de US$ 60 milhões para três unidades de processamento do biodiesel localizadas em Quixadá (CE); Candeias (BA); e Montes Claros (MG). Essas usinas serão as primeiras na produção em escala industrial no final de 2007. No Rio Grande do Norte, há duas unidades-piloto aferindo o modelo operacional.

Nove outras plantas industriais processadoras do biocombustível estão programadas para outras regiões, todas priorizando a produção da agricultura familiar oriunda de minifúndios. Daí a necessidade da organização, o mais rápido possível, dos plantadores de lavouras das quais se obtêm os óleos essenciais, em cooperativas agrícolas ou associações de produtores.

No Centro-Oeste, onde o agronegócio alcançou nível elevado de produção, haverá espaço para absorção dos excedentes de soja, especialmente a de origem transgênica, para transformá-la no combustível verde. A grande lavoura, em crise conjuntural, teria mercado comprador para absorver a produção rejeitada.

A concretização do biodiesel no Ceará exigirá, para ter êxito, a ação coordenada das lideranças políticas e econômicas. São muitos os interesses exigindo intervenções para equilibrar o jogo de forças.