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Biodiesel

Bissau confirma acordo para produção de biocombustível


Agência Lusa - 23 jun 2008 - 05:06 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:06

O ministro da Agricultura da Guiné-Bissau, Embaló Suleimane, disse no último sábado que há um acordo de princípio com a empresa Geocapital, do chinês Stanley Ho, para produzir biocombustíveis no país, mas os estudos preliminares não estão concluídos.

"Os estudos preliminares ainda estão sendo feitos, ainda vão ser estudados os subsolos e a adaptação", afirmou Embaló Suleimane, em declarações à Agência Lusa.

Segundo o ministro, o projeto também inclui a produção paralela de alimentos.

"A questão do biocombustível é alternativa, o que nos interessa é a produção de alimentos", explicou o ministro, sublinhando que no país há carência de produção alimentar.

A Geocapital, com sede em Macau e de propriedade de Stanley Ho, magnata dos cassinos, e do investidor português Jorge Ferro Ribeiro, anunciou no princípio deste mês um investimento nos próximos dez anos de US$ 40 bilhões na produção de biocombustíveis em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau.

Segundo a empresa, a produção será iniciada em dois ou três anos e deve atingir sua capacidade máxima - 14 milhões de toneladas anuais - em 10 ou 15 anos, garantindo 10% da produção mundial.

A produção de biocombustível pela Geocapital será feita com base no pinhão-manso - também conhecido como jatropha -, planta não comestível, comum na África e na América e, segundo especialistas, um meio que proporciona a maior confiabilidade e o melhor rendimento de produção.

Segundo o ministro guineense, o pinhão-manso é uma "cultura que não entra em conflito com as outras culturas" e "permite o cultivo de alimentos".

No entanto, um relatório da União Européia a que a Agência Lusa teve acesso, desaconselha o cultivo do pinhão-manso e de outras oleaginosas não-comestíveis na Guiné-Bissau para produção de biocombustível, dado que o país é deficitário na produção de alimentos.

"Nenhum técnico, com coerência e honestidade profissional, pode aceitar e, muito menos, aconselhar que, num território tão exíguo como o da Guiné-Bissau, se utilizem os parcos solos existentes para a cultura de oleaginosas não-comestíveis para a fabricação de biodiesel, enquanto se alastra a fome", diz o documento.

O relatório lembra que "uma grande maioria da população apenas come uma refeição a cada 24 horas", destacando que há déficit na produção de arroz - base alimentar dos guineenses.

Segundo o documento, outra questão é a descontinuidade dos solos do país que, "ainda por cima, são esqueléticos, ou seja, com uma pequena camada orgânica".

No relatório, considera-se ainda um "atentado à fome" estar plantando "centenas de milhares de hectares de solos" com oleaginosas não-comestíveis para fins energéticos, em vez de se pensar no milho e em outros alimentos, como feijão, batata-doce e mandioca".