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Biodiesel

Amorim volta a criticar postura de países desenvolvidos em negociação agrícola


Agência Brasil - 21 jul 2008 - 05:35 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:06

Em Genebra, na Suíça, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, criticou novamente a posição dos países desenvolvidos nas negociações agrícolas da Rodada Doha. Ele considera que o texto da agricultura ainda tem muitos pontos em aberto que precisam ser discutidos pelos países em desenvolvimento que formam o bloco G20, grupo que reúne os principais países ricos e emergentes do planeta e que teve reunião ministerial no último dia 19.

"Os países desenvolvidos dizem que já fizeram muitas concessões e que, graças a isso, as negociações agrícolas estão praticamente concluídas. A realidade é que o texto de agricultura acabou incorporando todo tipo de exceção e privilégio para acomodar as alegadas dificuldades dos países desenvolvidos, e o resultado é que muitos pontos estão em aberto", defendeu.

O ministro disse que determinados países e produtos recebem tratamento específico no texto das negociações e enumerou alguns pontos que considera que estão em aberto, como a redução dos subsídios ao algodão.

"Os países ricos têm usado uma lógica de 'dois pesos e duas medidas'. Quando falam em cortes dos seus subsídios em agricultura, referem-se a valores 'consolidados' na OMC [Organização Mundial do Comércio], e os cortes propostos não prevêem, na prática, redução alguma dos subsídios hoje efetivamente praticados. Já quando criticam os países em desenvolvimento em Nama [comércio de produtos agrícolas e de bens não-agrícolas], só levam em conta reduções de tarifas aplicadas, e não das tarifas consolidadas na OMC", criticou.

Amorim pediu aos países do G20, que considera como "principais atores" da Rodada de Doha, assim como a outros blocos de países em desenvolvimento, que sejam ambiciosos ao negociar, mesmo que saibam de suas fragilidades políticas.

"Precisamos ser ambiciosos, mas também realistas. Estou preparado para levar em conta as limitações políticas que os países têm na área agrícola. Mas eles precisam saber que isso tem conseqüências em outras áreas. Não podemos chegar a um resultado desequilibrado. Como eu já disse, um carro usado pode ser útil. O que não se deve é pagar o preço de um carro novo por um usado", comparou.

LULA ESPERA ÊXITO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em Bogotá (19/7), capital da Colômbia, que espera que os países pobres tenham "nova chance no cenário internacional" com o êxito da Rodada de Doha. Ele também voltou a defender a redução dos subsídios agrícolas nos países ricos para facilitar a entrada de nações subdesenvolvidas e emergentes nos mercados norte-americano e europeu.

As informações são da BBC Brasil. Segundo a agência, Lula disse não entender porque os Estados Unidos querem aumentar os subsídios que pagam a seus produtores de US$ 8 bilhões para US$ 13 bilhões.

"Eles [países ricos] querem que nós flexibilizemos sua entrada na nossa produção industrial. Nós até podemos flexibilizar, mas isso não pode afetar o nosso desenvolvimento", disse o presidente. O posicionamento é o mesmo do chanceler Celso Amorim que pediu, durante as negociações, mais ambição dos países em desenvolvimento que compõem o G20 e outros blocos.

Em encontro com o presidente colombiano Álvaro Uribe e empresários, Lula destacou que "o êxito da rodada é fundamental para o desenvolvimento dos países e para evitar uma recaída protecionista de parte de alguns países desenvolvidos". O presidente criticou ainda a alta do petróleo no mercado internacional, o que, segundo ele, representou um incremento de 30% nos custos da produção agrícola. Ele defendeu também os biocombustíveis como trunfo do país para enfrentar os desafios deste momento. Sem detalhar como, ele mostrou a intenção de firmar parceria com a Colômbia sobre "formas alternativas de energia".

"Eu posso mostrar à Colômbia a vantagem dos biocombustíveis em relação à renda, à independência [do petróleo] e à preservação ambiental", disse.

Uribe respondeu que "o Brasil ensinou a Colômbia a produzir etanol" e que hoje o seu país produz 2 milhões de litros de etanol e biodiesel por dia.

Morillo Carvalho