Agrenco corre para evitar quebra
O grupo franco-brasileiro Agrenco, especializado no fornecimento de soluções estruturadas para o agronegócio, tem pressa em vender o controle da empresa. Com dívidas de US$ 600 milhões e três propostas na mão, a empresa diz que aquela que puder se desenrolar mais rápido leva vantagem. "Não tenho o fluxo de caixa na mão para precisar quanto tempo ainda temos, mas o tempo para a finalização da transação contará para a decisão", afirmou José Monforte, um dos conselheiros da Agrenco. "O desejo principal é dar continuidade ao modelo de negócio da Agrenco. Conhecer o negócio, decidir rápido e oferecer o melhor valor para os acionistas são as características que vão definir a melhor proposta."
Monforte e James Wright, conselheiros da Agrenco, estão à frente do processo de reestruturação da empresa, após a prisão dos executivos, ocorrida em 20 de junho. Uma seqüência de fatos tornou a situação da empresa - já complicada - ainda pior. Até a semana passada, a Agrenco negociava apenas com o grupo francês Louis Dreyfus Commodities, e acreditava que a empresa terminaria a due diligence (análise detalhada dos números) em dois dias, prazo que acabou não sendo cumprido. Pelo acordo, a Dreyfus faria um aumento de capital de US$ 65 milhões, daria um crédito rotativo de US$ 35 milhões e uma linha de financiamento de longo prazo de US$ 150 milhões, mas tanto a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) quanto os acionistas minoritários criticaram a falta de informações sobre o andamento dos negócios. "Havia questões confidenciais. Foram passadas as informações estritamente necessárias", afirmou Monforte.
Na terça-feira (dia 15), foi quebrado o contrato de exclusividade com a Dreyfus, e novas propostas entraram na discussão. Na semana passada, a Noble, de Hong Kong, tornou pública sua proposta pela companhia. O grupo disse que estava disposto a pagar a multa pela quebra da exclusividade com a Dreyfus, além de R$ 1,03 por ação. A proposta mais nova veio da multinacional suíça Glencore, mas não foi tornada pública. "A Dreyfus já está bem adiantada no processo, é do setor, tem proposta de eqüidade", disse Monforte. Segundo ele, as propostas da Noble e da Glencore também são boas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.