Tensão no Oriente Médio faz petróleo disparar mais de 4%
Os preços do petróleo subiram acentuadamente nesta quarta-feira (11) após o Departamento de Defesa dos Estados Unidos autorizar a saída voluntária de familiares de militares em partes do Oriente Médio.
O Brent, referência internacional, avançou mais de 4% em relação ao fechamento de terça-feira (10), alcançando US$ 69,73 por barril durante a tarde em Nova York. O WTI, referência dos EUA, subiu em ritmo semelhante, atingindo o maior nível desde abril.
A alta ocorreu em meio ao aumento das tensões geopolíticas, que agitaram os mercados de commodities. "O petróleo obviamente reagiu às notícias vindas do Oriente Médio", disse um corretor de petróleo baseado em Londres.
O secretário de Defesa, Pete Hegseth, autorizou a saída voluntária de dependentes de militares em toda a região, segundo um funcionário do Departamento de Defesa dos EUA.
"A segurança de nossos militares e suas famílias continua sendo nossa maior prioridade, e o Centcom (Comando Central dos EUA) está monitorando a crescente tensão no Oriente Médio", disse o porta-voz. O Centcom responde pelas operações militares na região.
Um porta-voz do Departamento de Estado informou que os EUA optaram por "reduzir a presença da missão diplomática no Iraque" e que estão "avaliando constantemente o nível apropriado de pessoal em todas as embaixadas".
O escritório britânico de Operações Marítimas da Marinha Real também alertou sobre a possibilidade de escalada militar que poderia afetar diretamente embarcações civis.
Não ficou claro o que motivou a autorização dos EUA para retirada de familiares de militares. Um funcionário do governo britânico afirmou que o Reino Unido não adotou medida semelhante, mas está acompanhando a situação.
Segundo Jorge Montepeque, diretor da Onyx Capital, a alta do Brent foi uma "reação exagerada que mostra que o mercado está nervoso e mal posicionado". Ele destacou que muitos investidores apostavam na queda dos preços.
Trump e Irã
A administração Trump está em meio a negociações indiretas com o Irã para tentar firmar um acordo que limite o programa nuclear do país. Trump busca que Teerã abandone o enriquecimento de urânio, o que os iranianos consideram inaceitável.
O Irã afirmou que apresentará uma contraproposta, argumentando que tem direito ao enriquecimento como signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear.
Trump disse ao jornal New York Post que está "menos confiante" na possibilidade de um acordo, embora prefira a diplomacia a uma ação militar.
Autoridades americanas alertam que, se a diplomacia fracassar, Washington poderá considerar opções militares para impedir que o Irã obtenha armas nucleares. Israel, por sua vez, defende uma ação militar, acreditando que o Irã está vulnerável.
O ministro da Defesa iraniano, Aziz Nasirzadeh, afirmou que Teerã atacará ativos militares dos EUA na região em resposta a qualquer agressão. "Se formos atacados, todas as bases dos EUA na região estarão ao nosso alcance e as atingiremos sem hesitação."
Apesar da retórica, diplomatas ocidentais acreditam que o Irã deseja evitar um conflito militar e vê nas negociações uma saída para aliviar as sanções e reanimar sua economia em crise.
A analista Helima Croft, ex-CIA e hoje no RBC Capital Markets, afirmou que o aumento das tensões preocupa, especialmente porque o prazo de 60 dias dado por Trump para alcançar um acordo nuclear se encerra nesta quinta-feira.
"Apesar de não se tratar de uma ordem de evacuação total, essas decisões geralmente não são tomadas de forma leviana e envolvem revisão de inteligência. Isso sugere um ambiente com risco elevado na região."
Steff Chavez, Jamie Smyth, George Steer e Andrew England – Financial Times