Negócio

PIB ganharia R$ 20 bi/ano com maior mistura de biodiesel, diz estudo


Valor Econômico - 02 out 2012 - 13:55 - Última atualização em: 03 out 2012 - 11:12

Caso o Brasil aumente dos atuais 5% para 10% a quantidade obrigatória de biodiesel na composição do diesel comercializado no país o impacto positivo para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro seria de R$ 20,7 bilhões ao ano, de acordo com estudo realizado pelos professores Joaquim Guilhoto, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Marcelo Pereira da Cunha, da Universidade de São Paulo (USP).

O trabalho foi apresentado nesta segunda-feira durante a Conferência Internacional Biodiesel BR 2012. Para chegar ao cálculo, os professores levaram em conta quatro mudanças na economia provocadas pela troca do diesel mineral pelo biodiesel: a retração na demanda devido à inflação, já que o biodiesel é mais caro do que o diesel mineral; a diminuição da importação do diesel; o aumento da produção do farelo de soja; e a redução da produção de óleo de soja.

No ano passado, com a adição de 5% de biodiesel, o chamado B5, houve geração extra de R$ 7,2 bilhões ao PIB. Apesar de ainda não estar fechado pelo governo, o novo marco regulatório para o setor, que está em fase final de estudo, pode aumentar a composição gradativamente para até 10%. Caso a composição chegue a 20%, o impacto positivo no PIB deve ser de R$ 49 bilhões, segundo Marcelo Pereira da Cunha.

“O resultado pode ser potencializado, já que dá para ter efeito menor da inflação com o aumento da produção, que gera ganho de escala e diminuição de preço. Do outro lado, se o preço do diesel mineral aumentar ou for elevado a preços praticados no mercado internacional, também há mitigação dos efeitos de contração da atividade pela utilização do biodiesel”, afirmou.

O estudo também constatou que em 2011 a utilização do biodiesel evitou que as importações do combustível aumentassem 27%. “A substituição gera redução de 50% das emissões de poluentes na comparação entre as duas cadeias de produção”, disse ainda Cunha.

Novo marco regulatório
O novo marco regulatório do biodiesel terá algum tipo de definição até o fim do ano, segundo o deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS). Ele prevê que o projeto de lei com as novas regras para o setor, como o aumento da mistura do biodiesel no diesel fóssil, deverá ser enviado ao Congresso para votação após o primeiro turno das eleições.

“Este ano está complicado, temos pouco tempo para definir o tema; por isso temos que agir rápido”, afirmou nesta segunda-feira em São Paulo.

O deputado também conta com outra solução para a questão, mais ágil segundo ele. “Talvez possamos emendar o novo marco regulatório por meio de medida provisória ainda neste ano. Isso torna obrigatória a posição do governo, que ficou um pouco confusa depois da descoberta do pré-sal.”

O setor deverá saber as novas regras ainda antes do próximo leilão do governo de compras de biodiesel, previsto para fevereiro do ano que vem, de acordo com Goergen.

Rodrigo Pedroso
Valor Econômico

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