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Negócio

Petrobras pode ter novo modelo de venda de refinarias em 3 meses, diz CEO


Reuters - 01 mar 2019 - 09:04

Petrobras poderá apresentar ao mercado em cerca de três meses um novo modelo, mais ousado e competitivo, para venda de parcela importante do seu parque de refino, incluindo refinarias inteiras, afirmou a jornalistas nesta quinta-feira o presidente da petroleira, Roberto Castello Branco.

Em sua primeira entrevista coletiva de resultados financeiros após tomar posse no mês passado, o executivo enfatizou seus planos de buscar desinvestimentos mais agressivos, buscando a venda de um maior número de ativos não essenciais para a empresa.

Castello Branco, um economista com pós-doutorado pela Universidade de Chicago e extensa experiência nos setores público e privado, foi uma escolha do ministro da Economia, Paulo Guedes, para presidir a Petrobras.

A Universidade de Chicago, também frequentada por Guedes, é considerada uma instituição de linha liberal.

“Nós vamos desenhar um pacote (para a venda de refinarias) que atenda nossos interesses. Interesses de gerar recursos para reduzir endividamento e financiar investimentos em óleo e gás, mas ao mesmo tempo deve ter cuidado para não permitir monopólios regionais controlados por grupos privados”, afirmou Castello Branco.

“Eu espero acelerar esse prazo e, talvez, em três meses, tenhamos condições de anunciar (o plano).”

Atualmente, a Petrobras tem quase 100 por cento da capacidade de refino do Brasil. Para Castello Branco, é preciso um mercado competitivo e que os preços sejam determinados pelo relacionamento entre fornecedores e clientes.

Mais cedo, ele afirmou a analistas que gostaria de ter menos de 50 por cento da capacidade de refino no Brasil, embora não exista uma meta formal.

Sob gestão anterior, de Pedro Parente, a Petrobras havia lançado plano no ano passado para vender 60 por cento da participação da empresa em ativos de refino e logística no Nordeste e Sul do país. Nesse modelo, a Petrobras seria minoritária em quatro refinarias no país e outras nove ficariam totalmente sob seu controle.

“Nós pretendemos mudar o modelo. O modelo passado não concordamos porque exclui compradores e não queremos excluir ninguém. Isso está fora de questão e o modelo será outro, mas está sendo discutido... para encontrarmos o que achamos melhor”, afirmou.

Castello Branco disse também que a companhia não busca ficar com fatias minoritárias em refinarias. Ou seja, quando vender as participações em refino, deverá vender toda a unidade.

Sobre o plano de desinvestimentos de forma geral, o executivo ressaltou que não há uma meta de recursos que podem ser levantados, pois o valor será determinado pelo mercado.

Dentre outros ativos importantes que podem ser vendidos, Castello Branco afirmou que espera que possa vender logo sua rede de gasodutos TAG, sem entrar em detalhes, e também reiterou que está estudando a venda do controle da BR Distribuidora, também ainda sem uma definição específica.

A inclusão de algumas termelétricas no plano de venda de ativos também poderá ocorrer. Ativos de energias renováveis não são considerados prioridade para a empresa, segundo Castello Branco.

Corte de custos

Castello Branco reiterou seu interesse em cortar custos, para tornar a companhia mais competitiva, e afirmou que “ou fazemos isso, ou eles (os acionistas), nos demitem”.

Em uma de suas primeiras medidas, o executivo informou que iria desocupar sete andares de um prédio em São Paulo, até junho, além de fechar escritórios em Nova York, nos Estados Unidos, além de no Japão, Irã e África. Um novo plano de demissão voluntária também está em estudo.

O executivo não detalhou os cortes de custos almejados.

Mas o diretor de assuntos corporativos da Petrobras, Eberaldo Neto, destacou que o fechamento de escritórios e prédios está em linha com um trabalho que já vinha sendo realizado desde 2014, visando corte de custos.

“A gente gastaria, em três anos, 2017, 2018 e 2019, 1 bilhão de reais a mais do que a gente está gastando (com locação de imóveis)”, afirmou.

Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier – Reuters