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Negócio

FT: Petróleo despenca para menor preço em 5 meses após relatório sobre ‘grande excedente’


Financial Times - 15 out 2025 - 09:18

Os preços do petróleo caíram para o menor nível dos últimos cinco meses nesta terça-feira (14), depois que um relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) apontou um “grande excedente” recente nos estoques de petróleo.

A queda no preço do petróleo do tipo Brent chegou a 3%, ou US$ 61,50 por barril, seu menor nível desde o início de maio. Mais tarde no mesmo dia, essa queda recuou para 2,3%.

A baixa ocorreu depois que a AIE informou que dados preliminares indicam um aumento “massivo” nas remessas de petróleo por via marítima em setembro, na sequência de uma explosão nas exportações dos principais produtores, o que sugere que hoje a produção é maior do que a necessidade dos consumidores.

Pelas estimativas da AIE, o excedente será, em média, de 3,2 milhões de barris por dia a partir deste mês e até junho de 2026. A previsão anterior era de que haveria um excesso de produção de 2 milhões de barris por dia, que se estenderia até boa parte do ano que vem.

Segundo a agência, se houver um acúmulo de petróleo nos Estados Unidos ou na Europa, que têm um papel mais importante na formação do preço mundial do petróleo do que a China, isso pode afetar os preços.

A onda de vendas desta terça-feira teve lugar apesar de um anúncio da Opep+ — a Organização dos Países Exportadores de Petróleo que reúne outros grandes produtores — no início deste mês, destinado a tranquilizar o mercado. Nele, o cartel sinalizou um abandono de seu ritmo de aumentos incessantes na produção de petróleo, ao anunciar um crescimento modesto, de apenas 137 mil barris por dia em novembro, o mesmo de outubro.

Na época o mercado recebeu bem a decisão e o petróleo tipo Brent subiu pouco menos de 2%, para quase US$ 66 por barril.

Giovanni Staunovo, analista de commodities do UBS, disse que, em grande parte, o mercado mostrou-se indiferente à previsão pessimista feita pela AIE nesta terça-feira.

Na sua opinião, se o mercado estivesse prevendo um excesso de produção massivo pela frente, os preços já teriam caído para levar isso em conta. Staunovo argumentou que o fato de isso não ter acontecido indica que o mercado está mais confiante na demanda futura do que a AIE.

“Ou o mercado está precificando isso de forma completamente errada ou [a estimativa de] excedente está alta demais”, afirmou ele. “Eu acredito que ele estará só um pouco mais elevado”.

Trump, China e Gaza

Os preços do petróleo já tinham baixado recentemente, como resultado da ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor tarifas de importação adicionais à China e em meio ao relaxamento das tensões no Oriente Médio, com um cessar-fogo frágil e a libertação dos últimos reféns vivos em Gaza.

A AIE observou que o excedente recente de petróleo se deu depois que a China e outras economias aumentaram seus estoques, o que levou as reservas mundiais observadas a chegarem a seu maior nível em quatro anos de janeiro a agosto deste ano.

A estimativa de excedente se contrapõe à avaliação da Opep, que em um relatório mensal divulgado na segunda-feira (13) argumentou que, “apesar da atividade especulativa no mercado de futuros, os fundamentos do mercado físico de petróleo no curto prazo continuam largamente favoráveis ao mercado”. O grupo manteve sua previsão do mês anterior para a demanda mundial de petróleo em 2025.

Em discurso no Energy Intelligence Forum, em Londres, o chefe de negociação de petróleo da Trafigura, Ben Luckock, disse esperar que os preços caiam para menos de US$ 60 por barril antes de se recuperarem.

“Suspeito que chegaremos à faixa dos US$ 50 em algum momento entre o Natal e o Ano Novo”, afirmou ele. “Ficar vendido [apostar em preços mais baixos] na faixa dos US$ 50 é uma bobagem, pois não acredito que ele vá ficar nesse nível por muito tempo”.

Ryohtaroh Satoh – Financial Times