Petróleo pode cair para US$ 30 o barril, a menos que alguém feche as torneiras
As petroleiras estão bombeando petróleo em um ritmo recorde, e a demanda não acompanha. Essa dinâmica pode continuar até 2027, segundo a estrategista do J.P. Morgan, Natasha Kaneva. E, se isso acontecer, os preços do petróleo podem cair para até US$ 30 por barril no fim de 2027, cerca de metade do valor atual. A US$ 30, poucos projetos nos EUA seriam lucrativos.
Kaneva, que lidera a equipe global de commodities do banco, acredita que é improvável que o petróleo caia de fato para US$ 30. Historicamente, preços muito baixos levam produtores a reduzir a perfuração ou convencem a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) a cortar a oferta no mercado. Quando isso ocorre, a oferta diminui e os preços se recuperam. Sua projeção para o Brent, referência global, é de US$ 58 em 2026 e US$ 57 em 2027.
“A perspectiva para os próximos dois anos é, essencialmente, uma questão de aritmética básica”, escreveu.
O Brent subiu 1,3% nesta segunda-feira (24), para US$ 63,37.
A demanda por petróleo vem crescendo, e deve continuar aumentando. Mas a oferta está subindo mais que o dobro desse ritmo e começa a pressionar o mercado. Os preços do petróleo acumulam queda de 15% neste ano.
Em 2024, a oferta superou a demanda em cerca de 1,3 milhão de barris por dia. Para 2026, Kaneva estima que o excesso de oferta saltará para 2,8 milhões, e para 2,7 milhões em 2027.
Xisto vai pressionar mais os preços
A perfuração de xisto nos Estados Unidos tem sido o principal motor do crescimento da produção nos últimos três anos, mas projetos em outros países deverão assumir esse papel em breve. Grandes projetos offshore no Brasil e na Guiana devem impulsionar fortemente a expansão da oferta em 2026 e 2027. Juntos, esses dois países devem adicionar entre 500 mil e 700 mil barris de produção adicional por ano, uma parcela pequena, mas significativa, de um mercado de cerca de 106 milhões de barris por dia.
Kaneva, no entanto, não acredita que os produtores deixarão o excesso de oferta chegar a esse ponto. “Ajustes são esperados tanto do lado da oferta quanto da demanda; porém, o maior peso para reequilibrar o mercado quase certamente recairá sobre a oferta”, escreveu.
Ela destaca que, com preços do Brent em torno de US$ 51, muitos produtores de xisto nos EUA teriam de reduzir a produção porque não estariam lucrando o suficiente. A administração Trump também poderia aproveitar os preços baixos para intensificar a aplicação de sanções contra Irã e Rússia, retirando barris do mercado.