Brasil precisa de refinaria na região Centro-Oeste, diz superintendente da ANP
A região Centro-Oeste do Brasil comportaria uma nova refinaria de petróleo para atender a forte demanda por combustíveis, especialmente diesel, que vem do agronegócio, defendeu nesta segunda-feira o superintendente da reguladora ANP, Rubens Cerqueira Freitas.
Uma unidade de refino, disse ele, facilitaria a logística de distribuição na região. A Petrobras tem refinarias espalhadas pelo país, mas nenhuma próxima dos principais Estados produtores agrícolas.
"A demanda do diesel S10 vai aumentar e esse avanço acontece no Centro-Oeste. Precisamos deixar os combustíveis mais perto do cliente. Sem isso, vamos depender de importação", disse Freitas durante a Rio Oil & Gas, feira da indústria petrolífera iniciada nesta segunda-feira no Rio de Janeiro.
"É importante ter capacidade de refino em linha com a demanda", acrescentou. A Petrobras atende mais de 70 por cento do mercado interno de derivados enquanto importadoras suprem o restante da demanda nacional.
A diretora do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Valéria Lima, discorda da posição, pois não vê necessidade de uma planta nova na região.
Segundo ela, além do custo elevado, não haveria tempo suficiente para se ter o retorno desses investimentos, uma vez que o mundo passa por um processo de transição energética.
"Não faz sentido. O Brasil faz trocas com o exterior o tempo inteiro; compramos e vendemos muita coisa. Não dá para ser autossuficiente em tudo. O importante é fazer as trocas corretas com o exterior", disse Lima.
"Uma nova refinaria leva de 5 a 7 anos. O problema é que amortizar esse investimento leva de uns 30 a 35 anos. A transição energética não permite tanto tempo", acrescentou ela.
Em 2019, a Petrobras fez um acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para aumentar a competição no refino do país por meio do desinvestimento de oito refinarias.
Em agosto, a Petrobras iniciou a fase não vinculante dos processos de venda das três que ainda não foram vendidas: Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco; Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná; e Alberto Pasqualine (Refap), no Rio Grande do Sul.
Rodrigo Viga Gaier – Reuters