PUBLICIDADE
CREMER2024 CREMER2024
Negócio

Acordo da Opep cria novo cenário e dá fôlego à Petrobras


Exame - 30 set 2016 - 11:50

O anúncio de acordo preliminar para corte na produção de petróleo, feito pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) na quarta-feira, 28, altera o cenário para a Petrobrás no Brasil.

Com a cotação do barril mais valorizada e a melhora de perspectiva, a empresa ganha fôlego para atingir a meta de alavancagem de até 2,5 vezes em 2018, segundo Edmar Almeida, professor do grupo de economia da energia (GEE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O consultor Filipe Rizzo, da RX2 Engenharia e Consultoria, destaca ainda que a alta do petróleo inviabiliza qualquer redução dos preços da gasolina e do óleo diesel pela estatal.

"A alta do preço do petróleo permite que a Petrobras entregue mais facilmente a meta de redução da dívida, que é sua meta prioritária. Com o petróleo em baixa, a empresa teria de fazer um sacrifício enorme. Mas não significa que poderá ampliar investimentos", disse.

A Opep decidiu reduzir a produção de 33,2 milhões de barris por dia (bpd) para até 32,5 milhões de barris por dia (Bpd), numa tentativa de elevar as cotações do petróleo e dos seus derivados. Como reação, os contratos dispararam mais de 5% nos negócios de quarta-feira, 28, e atingiram a maior valorização diária desde abril.

A atual cotação, na casa de US$ 49 por barril para os contratos de novembro e dezembro nas bolsas de Nova York e Londres, supera as projeções da Petrobrás, que, no dia 19, divulgou, em seu plano de negócios, que trabalha com a premissa de que, em 2017, o barril do petróleo valerá, em média, US$ 48.

Para Rizzo, a tendência é que os preços iniciem uma escalada a partir de agora. A principal justificativa seria a aproximação do fim das eleições nos Estados Unidos.

"A manutenção do preço da gasolina em baixos patamares favorecia a candidata Hillary Clinton, nos Estados Unidos. Com o fim do processo eleitoral, já é possível pensar em alterações. A cotação pode subir até US$ 70 a médio prazo. Mas não deve passar disso, porque esbarra no shale gas (gás de xisto) americano (produzido a um custo menor)", afirmou Rizzo.

Do ponto de vista financeiro, a alta da cotação contribui para melhorar a receita da Petrobrás e, consequentemente, reduzir o seu endividamento, de acordo com o especialista da UFRJ.

A Petrobrás ganha, principalmente, com as exportações, que crescem neste ano. A venda de petróleo nacional no mercado externo avançou 4,9% de janeiro a agosto, comparado a igual período de 2015, enquanto a de gasolina subiu 47% e a de diesel, produto de maior valor agregado, 389%, segundo estatística da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).