Franceses transformam gordura de pato em biodiesel

Os franceses estão levando um pouco de seu mundialmente consagrado talento culinário para o ramo de biodiesel. Uma cooperativa da bucólica região da Dordonha está aproveitando a gordura de patos para a produção de biodiesel.

O pato está entre as iguarias mais apreciadas da cozinha francesa e Dordonha é uma importante região produtora no país. Os fazendeiros da região são responsáveis pela criação de mais de dois milhões de aves por ano. Isso significa que há muita gordura animal disponível. Uma cooperativa rural da cidade de Saint Aquilin – cidadezinha a 525 quilômetros de Paris – decidiu começar a aproveitar o material na produção de biodiesel.

A iniciativa partiu do agricultor Jules Charmoy de 37 anos, que tem uma fazenda de criação de gado orgânico na região. “A ideia é ‘comer’ menos petróleo produzindo energia a partir do que temos em nossas fazendas”, contou à agência de notícias AFP.

Associado a uma cooperativa agrícola que hoje reúne 50 produtores rurais, Charmoy identificou que a produção local de patos criava uma boa oportunidade de negócios na área de reciclagem de óleos e gorduras residuais. “Nós realmente estamos fazendo isso por puro ativismo, para reconhecer que precisamos fazer algo para salvar o planeta. Temos que parar de fazer grandes discursos e começar a fazer pequenas coisas”, diz.

O grupo começou a coletar a gordura de diversos negócios locais. A cada duas semanas eles passam recolhendo a gordura que, antes, acabariam indo parar nos aterros. Então, a gordura é transformada em biodiesel e misturada na proporção de 30% no diesel mineral – o máximo permitido pela lei francesa – que vai abastecer os tratores dos membros da cooperativa.

No ano passado, os agricultores já fabricaram 20 mil litros de biocombustível. Eles estimam que a produção anual de gordura de pato na região fique entre 1.000 e 1.500 toneladas, o que daria para produzir mais de um milhão de litros de biodiesel por ano.

Biogás
Outra cooperativa de agricultores da mesma região também está empenhada em dar uma destinação mais apropriada aos rejeitos do agronegócio local.  Eles construíram uma usina de biogás que processa as sobras das carcaças animais e restos vegetais que sobram das operações das indústrias e fazendas da Dordonha.

Segundo o líder desse outro projeto, Francis Cadalen, a usina consumirá até 10 mil metros cúbicos de rejeitos por ano para produzir 360 quilowatts-hora de eletricidade. "Para os fazendeiros, essa é outra fonte de renda. Vender energia é outro negócio, além da produção de alimentos, que permite nos protegermos”, comenta.

Fonte: Reuters
Tradução e adaptação BiodieselBR.com