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23º leilão: o que as usinas acharam das mudanças


BiodieselBR.com - 05 ago 2011 - 06:02 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:17

Na quarta-feira (03) o Ministério de Minas e Energia (MME) publicou no Diário Oficial da União a Portaria 469 de 2011 que altera substancialmente as regras dos leilões de biodiesel.

Para começar, a disputa deixou de ser nacional. A partir do próximo leilão, o volume total ofertado será dividido em lotes correspondentes ao consumo de cada uma das cinco regiões do país, sendo que cada um desses lotes vai ser dividido em duas rodadas – uma de 80% do volume exclusiva para usinas com Selo Combustível Social e os 20% restantes para todas as usinas. Além disso, foi criado o Fator de Ajuste Logístico (FAL), um valor que passará a ser incluído nas ofertas das usinas e que será calculado em função dos custos de frete do biodiesel. Leia mais sobre as mudanças aqui.

O mercado ainda parece estar tentando tomar pé da nova situação. Vários usineiros e executivos da área procurados por BiodieselBR para essa reportagem, admitiram que ainda não tiveram tempo de digerir as novidade – alguns até admitem que ainda não tiveram tempo de ler a Portaria – mas a opinião mais repetida é que as novas regras são vagas. Segundo eles, o verdadeiro impacto das mudanças só vai ficar claro depois que a ANP publicar o edital do 23º leilão de biodiesel e informar qual, afinal, vai ser o valor do FAL.

Por enquanto as opiniões parecem se dividir. Entre a preocupação de qual vai ser o impacto das mudanças na competitividade das usinas e a aprovação de ver o fator logístico valendo como diferencial competitivo.

Saiba o que os empresários estão pensando

O que vocês acharam das mudanças propostas?
Posso falar pouca coisa, até porque não está tão claro. O que a gente sabe no momento, é que vai ter um desconto por causa do frete, mas a gente ainda precisa esperar a publicação do edital do leilão para saber qual vai ser o tamanho desse desconto. Meu receio é que o FAL defina um valor de frete de R$ 300 num trecho que custe R$ 200. A princípio esse é a nossa principal preocupação, embora a gente só vá saber como isso vai ficar com o edital.
Francisco Flores, gerente administrativo da Fiagril (MT)

Eu fiquei um pouco em dúvida, tem alguns parâmetros importantes e que não estão claros ainda. Precisamos saber qual vai ser o tamanho do Fator de Ajuste Logístico para sabermos se ele vai realmente ser um diferencial favorável às empresas de cada região ou se as empresas verticalizadas que têm preços mais agressivos continuam em vantagem.
Carlos Omar Polastri, diretor executivo da Cesbra (RJ)

A nossa primeira impressão é que eles [o Ministério de Minas e Energia] estão indo na direção certa. A gente acredita que regionalização do mercado é importante, a própria lei que criou o programa do biodiesel estabelece, em seu artigo dois, a “redução das desigualdades regionais” como um princípio. Também pode ser uma forma de tentar proteger as usinas contra o cartel que está se formando no nosso setor.
John Kaweske, diretor presidente da Bio Petro (SP)

“A tabela que será apresentada de desconto [o Fator de Ajuste Logístico] preocupa. Temo que a logística do Mato Grosso, tire a competitividade que existe hoje e possa inclusive encarecer o biodiesel”.
Rodrigo Prosdócimo Guerra, sócio-proprietário da Bio Óleo (MT)

A gente ainda não conseguiu ver isso em todos os detalhes na Oleoplan. Aparentemente, essa é uma mudança positiva. Ela dá uma equalizada na questão logística que ficava de fora no leilão FOB, isso é uma evolução porque deixa a disputa um pouco mais a par da realidade do mercado. Mas tudo isso vai realmente dar para saber quando vier o detalhamento no edital do leilão.
Marcos Merlin Boff, diretor comercial da Oleoplan (RS)

Quais vocês esperam que sejam as consequências das novas regras para o mercado?
Eu estou bastante curioso para ver como isso pode beneficiar a Cesbra. Todas as empresas vão querer ofertar no sudeste, mas se o FAL for elevado, então, pelo fato de estarmos em uma região que tem um consumo grande, nossa logística será premiada. Até hoje, por estarmos mais longe da matéria-prima, a nossa logística só nos trouxe custos.
Carlos Omar Polastri, diretor executivo da Cesbra (RJ)

Teremos que esperar para ver como vão ser os valores do FAL. O custo do biodiesel praticamente não tem o que esconder, ele é o preço do óleo e mais os preços dos insumos. Isso varia alguns centavos de usina para usina. Aí vem o frete. Estamos esperando pela definição.
Francisco Flores, gerente administrativo da Fiagril (MT)

Acho que vamos ver alguns ajustes nos preços baseado nessa questão dos fretes. As empresas do Rio Grande do Sul e do Mato Grosso que queiram vender em São Paulo terão que pensar no custo do frete. Isso deve beneficiar a gente, afinal estamos aqui no interior de São Paulo, muito mais perto de Guarulhos que é o destino final do biodiesel.
John Kaweske, diretor presidente da Bio Petro (SP)

Eu acho que, por enquanto, não dá para dizer. Qualquer coisa que a gente disser nesse momento pode acabar sento jogada por terra dependendo do que vier no detalhamento que só vai ser feito no edital.
Marcos Merlin Boff, diretor comercial da Oleoplan (RS)

Fábio Rodrigues - BiodieselBR.com
Tags: L23