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Selo Biocombustível Social

A disputa pelo agricultor familiar - Rui Polidoro [AgriBio]


BiodieselBR.com - 20 jul 2012 - 16:30
Rui Polidoro, Fecoagro no Congresso Agribio

“A disputa pelo agricultor familiar” foi o tema da palestra ministrada pelo presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro) ao público do Congresso Agribio. A entidade é uma das principais fornecedoras de matéria-prima para a indústria do biodiesel, congregando um total de 64 cooperativas, 207 mil agricultores associados e 46% de toda a soja produzida no Rio Grande do Sul.

Segundo Polidoro, a entidade espera que a aprovação do novo marco regulatório permita o aumento da mistura obrigatória e, por sua vez, abra espaço para que os agricultores familiares filiados à Fecoagro possam vender ainda mais e ter mais renda. De acordo com o palestrante, a entidade que ele comanda vem se posicionando para tentar influenciar o processo de debate das novas regras do setor. Durante as discussões da nova Instrução Normativa do Selo Combustível Social, a Fecoagro propôs que as compras das usinas, feitas por intermédio de cooperativas, passem a ser multiplicadas por um fator equivalente a 1,2. Já as compras feitas de agricultores individuais não seriam beneficiadas por nenhum fator multiplicador. “Dessa forma as cooperativas da agricultura familiar seriam fortalecidas”, resumiu.

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Polidoro também ressaltou a importância de que no processo de compra das usinas, os planos de assistência técnica tenham um carater abrangente e integral, incluindo todas as atividades e culturas das propriedades rurais, e não apenas as oleaginosas. Para ele, os técnicos responsáveis pela prestação dos serviços devem estar devidamente atualizados para levar aos produtores conceitos sobre transgenia, novas modelos de negócios, agricultura de precisão etc. “A agricultura de precisão é cara se for feita individualmente porque demanda instrumentos modernos e caros. Isso terá que ser feito pelas cooperativas”, explica.

O palestrante ressaltou ainda que o fortalecimento das cooperativas também passa pela ampliação do acesso à DAP Jurídica. Das cooperativas associadas à Fecoagro, oito não possuem o documento, o que impede 16 mil agricultores de vender para a indústria de biodiesel. A venda da produção dessas famílias só pode ser feita de forma individualizada, o que quebra com os esforços das cooperativas. “Isso não é correto”, opinou.

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Ele também afirmou que os contratos relacionados à soja precisam considerar as grandes variações de preço dessa commodity. “Se os contratos não levarem isso em conta, a soja pode subir e os agricultores podem acabar se recusando a cumprir os contratos”, diz. Em seguida complementou que o setor passa por um ano complicado por causa da quebra de safra provocada pela seca no começo do ano. “R$ 12 bilhões vão deixar de circular no estado por causa da quebra”, lamentou.

Para resolver essa dificuldade seria preciso que o estado estivesse atento a novas formas de organizar o processo produtivo a fim de garantir a renda dos produtores rurais.

Polidoro colocou que há um fator que não está sendo devidamente administrado: a questão da sucessão familiar das propriedades. “Quem é que vai dar continuidade à produção rural? Falar disso é falar em educação para a produção rural. Isso precisa ser cuidado sob o risco de concentrarmos terra e recursos enquanto perdemos as vantagens da agricultura familiar”, finalizou.

Fábio Rodrigues - BiodieselBR.com
Tags: Agribio