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100th AOCS: cromatografia, espectrometria, microalgas...


Luiz Pereira Ramos - 06 mai 2009 - 09:03 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:08

Segundo dia de atividades

100th AOCS Annual Meeting

O segundo dia de atividades do congresso iniciou com a realização do evento intitulado Hot Topic Symposia, em que temas centrais ou estratégicos para o setor de oleoquímica foram discutidos.

Nossa participação limitou-se a sessão sobre Métodos Analíticos para a Caracterização de Matérias-primas Lipídicas e Biodiesel, onde falaram quatro palestrantes sobre a aplicação de técnicas de espectrometria de massas para a caracterização de acilgliceróis e outros componentes minoritários presentes nestas matrizes, sobre o uso de cromatografia a líquido em colunas de sílica para a caracterização integral de amostras de biodiesel em uma única corrida cromatográfica, sobre o desenvolvimento de novas estratégias para caracterização de biodiesel por cromatografia capilar e, finalmente, sobre o uso de diversas técnicas analíticas para a caracterização de óleo de microalgas.

Destas quatro apresentações, todas muito interessantes e de grande qualidade e relevância científica, não há dúvidas de que o conteúdo de maior impacto foi apresentado pelo Dr. Michael Haas (USDA), cujos resultados impressionaram pela simplicidade com que consegue determinar praticamente todos os analitos de interesse em um único procedimento cromatográfico, envolvendo eluição com gradientes binários e ternários e detecção empregando detector evaporativo cujo princípio é baseado no espalhamento da luz. Seu método não exige nenhum tipo de derivatização e permite, em uma corrida de apenas 30 minutos, quantificar o teor de ésteres, mono-, di- e triacilgliceróis, esteróis, esteróis glicosilados, antioxidantes, glicerina livre e, até mesmo, o teor de biodiesel em misturas com diesel de petróleo. 

Também digna de menção foi a apresentação da Empresa Agilent sobre cromatografia capilar, em que salientou a importância de seus últimos resultados no sentido de otimizar sistemas dedicados para a caracterização de biodiesel. Tais inovações se concentraram na inserção de uma pré-coluna capilar instalada externamente ao cromatógrafo e ao desenvolvimento de métodos de cromatografia multidimensional. 

A apresentação sobre espectrometria de massas, que se estendeu também a métodos espectrométricos como FTIR e NIR, foi muito interessante e permitiu avaliar os esforços que a ASTM está concentrando no desenvolvimento de métodos cada vez mais sensíveis e sofisticados para a caracterização de biodiesel, com enfoque em componentes minoritários cujas propriedades comprometem a qualidade do produto final.

Finalmente, a Dra. L. Laurens (NREL) discorreu sobre métodos extremamente rápidos e precisos para a caracterização (e screening) de microalgas cujo potencial tem sido identificado como de grande interesse para a produção de biocombustíveis. Diferentemente de outros tantos defensores das microalgas, a Dra. Laurens enfatizou que os rendimentos em óleo da maior parte das cepas até hoje estudadas não tem ultrapassado, realisticamente, os 15% de óleo em relação a massa seca de material extraído, e que a acidez dos óleos obtidos continua a oferecer grandes dificuldades para os processos de produção e caracterização. Outros autores abordaram a questão das microalgas e este assunto deverá ser motivo de uma nova contribuição a esta coluna em alguns dias.

No período da tarde, tivemos a oportunidade de assistir as apresentações dos Drs. Paulo Suarez e Simoni Meneghetti, respectivamente sobre o craqueamento de óleos vegetais e sobre a identificação de novas matérias-primas para a produção de biodiesel em regiões semi-áridas, ao que se seguiram apresentações sobre a experiência de outros países na produção deste biocombustível.

Finalmente, o dia acabou com um animado congraçamento de todos os congressistas que, segundo informações oficiais, atingiu um número aproximado de 1600 pessoas. Tal número representa uma queda de aproximadamente 15% em relação ao evento do ano passado, fato facilmente perceptível no baixo número de participantes em cada uma das sessões técnicas. Naturalmente, a organização do evento atribuiu este fato aos efeitos da crise econômica mundial, mas, cá entre nós, muitos de nossos abnegados colegas da oleoquímica devem ter optado por uma prazerosa turnê nos impressionantes e, porque não dizer, maravilhosos parques da Disney World. Afinal de contas, todos sabemos, nem só de oleoquímica vive o homem, certo...?
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