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CO2

Aquecimento Global: a origem e o preço


2009 - Helliomar Barbosa e Maurício Carneiro - 08 jul 2009 - 13:23 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:09

A dependência de combustíveis tem se mostrado cada vez maior. Grande parte da energia do planeta vem do Sol, e é armazenada sob as mais diversas formas em plantas e animais. Porém, com o aumento da população mundial, a dependência dos combustíveis deu um salto gigantesco no século 19 e século 20. O petróleo, mais especificamente, é um combustível finito com aplicação em todos os setores da economia mundial. Apesar de ser bastante utilizado, está prestes a acabar, pois, baseando-se em relatórios de equipes especializadas, a Agência Nacional do Petróleo estima que 64% das reservas petrolíferas mundiais estejam do Oriente Médio, e a avaliação é de que estas reservas se acabem no ano de 2014. O Brasil, país de dimensões continentais, tem reservas até 2024. Isto até serem descobertas novas reservas na Bacia de Campos, fato este que poderá favorecer lucros cada vez maiores para as empresas de prospecção de petróleo. Pelo fato de não ser renovável, este combustível está com seus anos de dependência contados. E isso acarretará na busca contínua de fontes alternativas de energia.

A utilização do petróleo em larga escala na segunda metade do século 20 ocasionou uma hiperinflação na emissão de gases responsáveis pela retenção do calor solar e, consequentemente, pelo aumento da temperatura global. Fatos como este têm trazido à tona uma série de discussões acirradas sobre o futuro de um planeta que há muito vem sendo devastado e massacrado pelas mãos lépidas do consumismo imediatista.

É dessa realidade diferenciada, que se terá uma conscientização maior. A raça humana não pode se destruir devido a sua capacidade incondicional de raciocínio. Se são seres modificadores podem edificar-se a partir de uma realidade não prejudicial a sua própria raça.

Se nada for feito desde já, as gerações futuras pagarão um preço bastante alto. É necessário que a humanidade, antes de agir, obtenha o conhecimento sobre esse assunto de extensão imensurável. Não se pode lutar contra aquilo que não se conhece.

Muito já se ouviu falar sobre o Protocolo de Kyoto, um documento cujos países signatários se comprometem a reduzir a emissão dos gases responsáveis pelo efeito estufa, tentando frear o aquecimento global. Um desses gases ganha especial destaque por ser, seguramente, aquele que mais emitimos na atmosfera: o dióxido de carbono (gás carbônico ou CO2). Quem é esse vilão? Por que e por quem é emitido?

Produz-se dióxido de carbono até quando se respira. O processo respiratório dos seres vivos consiste em inspirar gás oxigênio (O2) e expirar dióxido de carbono (CO2). As células se encarregam de absorver o oxigênio e promover uma reação com moléculas orgânicas para obtenção de energia. Obtém-se energia, mas um dos produtos dessa reação é o dióxido de carbono.

Não se quer dizer com isso que a culpa pelo agravamento do efeito estufa seja da respiração humana. Estamos apenas mostrando que a produção de CO2 é um processo natural e até fundamental para a vida. A grande produção de CO2 pelo homem vem da produção de energia, obtida principalmente pela queima de combustíveis orgânicos, como a lenha e o petróleo que, da mesma forma que nossas reações intracelulares, resultam em energia e liberam CO2 e água. Lembrando que as moléculas orgânicas são formadas basicamente por carbono e hidrogênio, a reação pode ser genericamente representada por:

CnHm + O2 > CO2 + H2O + (energia)

Dessa reação genérica, extraímos uma regra fundamental das reações orgânicas: a queima total de hidrocarbonetos resulta em água e dióxido de carbono. Percebe-se que a redução da emissão de CO2 na atmosfera passa inevitavelmente pela mudança de nossa matriz energética. Daí a preocupação com fontes de energia que não liberem esse gás, energias limpas e renováveis, tais como eólica, biomassa, energia das marés e solar, entre outras. Percebe-se também que não conseguiríamos mudar essa matriz e cessar a emissão do gás em um passe de
mágica, pois essa mudança afeta em muito nosso estilo de vida.

A solução, portanto, deve se focalizar em reduzirmos ao máximo as emissões de gás carbônico. Mesmo se o ser humano parar de emitir gás carbônico na atmosfera, a mesma demorará a voltar ao normal. O tempo de permanência do gás carbônico na atmosfera é de mais ou menos 150 anos. Se se conseguisse - o que já vimos não ser possível - parar totalmente de emitir dióxido de carbono, a atmosfera levaria um bom tempo para se "regenerar". O importante, contudo, é minimizar o problema, diminuindo ao máximo as emissões.

Há alguns radicais que defendem a atmosfera totalmente isenta de gás carbônico. Isso é impensável. Se retirássemos todo o gás carbônico da atmosfera, a temperatura média de nosso planeta seria de aproximadamente -20 graus Celsius, o que não daria suporte à vida.

Como se vê, o dióxido de carbono e o efeito estufa são fundamentais para a manutenção da vida na Terra, pois o CO2 é quem, aprisionando a temperatura (efeito estufa), faz com que o planeta seja habitável. O que está acontecendo é que há um processo de saturação da atmosfera com esse gás, acentuando o efeito estufa e, consequentemente, aumentando a temperatura média do planeta.

Há que se entender que a Terra funciona com um equilíbrio termodinâmico. Qualquer desequilíbrio nesse sistema afeta diretamente o clima, não só pelo aumento ou diminuição da temperatura média do planeta, como pelos movimentos atmosféricos e oceânicos.

O quadro de emissão de gás carbônico poderia estar muito pior do que se encontra. Quando se analisa a quantidade de CO2 lançada na atmosfera nas últimas décadas, percebe-se que sua concentração é menor que a esperada. Só que isso não é um grande negócio. Evidentemente o dióxido de carbono, que deveria estar na atmosfera e não está, foi para algum lugar. As melhores teorias mostram que os oceanos andaram absorvendo grande parte do gás.

Quando se aumenta a quantidade de um gás em uma mistura gasosa (como nossa atmosfera), aumenta-se sua pressão parcial, o que faz com que sua absorção por um líquido em contato com essa mistura aumente. O problema em questão é o desequilíbrio causado pelo excesso de CO2 nos oceanos.

O gás carbônico em contato com a água forma o ácido carbônico

CO2 + H2O > H2CO3

O ácido carbônico se ioniza, liberando íons H+ - aumentando a acidez do meio - e íons carbonato e bicarbonato, saturando a solução (no caso, o oceano).

H2CO3 > H+ + HCO31-

HCO31- > H+ + CO32-

A saturação desses íons (partículas eletricamente carregadas) pode causar problemas para a flora e fauna marinha. Além disso, é instintivo imaginar que a acidificação do meio não é um grande negócio.

É necessária a mobilização, no sentido de exigir das autoridades e empresas que diminuam a emissão de gases como o dióxido de carbono. Caso essas providências não forem tomadas imediatamente, pagaremos um preço muito alto pelo descaso e egoísmo de nossas atitudes.

Combustíveis alternativos, propagação das vantagens da reciclagem, mudanças nas políticas públicas ambientais, tudo isso é um passo a mais rumo ao progresso e confirmação da permanência, por um tempo maior e melhor, da espécie humana no Planeta Terra.

Helliomar Barbosa - [email protected]
Graduado em Química pela Universidade Estadual de Goiás. Pós graduado em Química pela Universidade Federal de Lavras. Atualmente é professor de Química da Rede Pública de Ensino do Governo do Estado de São Paulo e cursos Pré-Vestibulares em São Paulo.

Maurício Carneiro - [email protected]
Graduando em Geografia pela Universidade Estadual de Goiás. Atualmente é professor de Geografia da Rede Pública de Ensino do Governo do Estado de Goiás e instituições particulares em Goiás.