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Energia

Biocombustível ou bicombustível?


Diário do Nordeste - 29 mar 2006 - 06:00 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

Não é de hoje que o Brasil, um país tipicamente rodoviário, procura uma alternativa para o petróleo como fonte principal de energia. Esse mérito, que contraria as intenções governamentais, pertence aos nossos cientistas, pesquisadores sacerdotais, que merecem o maior respeito.

Enquanto, nos anos de 1973 e 1979, os derivados de petróleo registravam suas duas piores crises. Hoje, o mercado brasileiro não apenas vem atingindo sua auto-suficiência petrolífera, como também já possui energia alternativa em escala, substituindo o petróleo que, além de possuir uma extração ambientalmente agressiva, é considerada uma matéria-prima do tipo não renovável.

Tecnicamente, a gestão ambiental considera empreendimento sustentável aquele que, independente da grandeza de sua escala de produção, utiliza matérias-primas renováveis. O Brasil, assim como outros países de características tropicais, possui essa vantagem em termos energéticos.

Enquanto as cotações internacionais do petróleo chegam a um preço elevado frente a instabilidade políticas do oriente médio, as indústrias do setor automobilístico brasileiro vêm esbanjando tecnologia criativa, conhecida por total flex.

A mesclada independência energética transformou o pioneiro projeto brasileiro implantado em 1975, o “Proálcool”, em um modelo mesclado de energia alternativa. Agora, o consumidor já pode optar pelo melhor preço ao abastecer seu veículo.

Mas o ideal ainda não chegou. A vulnerabilidade da economia oligopolista brasileira, somada à dependência dos interesses internacionais e à ineficiência de nosso frágil governo, provoca controle artificial nos preços de qualquer energia alternativa. Ou seja, a energia alternativa, em termos ambientais, pode até ser “bio”, mas, economicamente, é sempre “bi”, pois os preços disparam.

Enquanto isso, o mercado Japonês já desfruta dos carros híbridos elétricos. Trata-se de uma tecnologia limpa, constituída por um conjunto de baterias a base de hidrogênio, que são carregadas enquanto o veículo de motor a combustão se encontra em movimento. Esse triunfo ambiental ainda custa muito caro, mas certamente já ameaça a festa dos petrodólares anti-ambientais.

Albert Gradvohl
Professor de Gestão Econômica Ambiental da Unifor