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Ônibus e posto piloto de hidrogênio em janeiro no Brasil


Estado de Minas - 09 ago 2007 - 07:31 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

O primeiro ônibus brasileiro totalmente limpo inicia a fase de testes em janeiro. Abastecido com hidrogênio, o sistema de célula a combustível obtém energia pela hidrólise (quebra da molécula por água) e gera o combustível, que produz água como resíduo. A operação do ônibus será possível com a inauguração do primeiro posto de abastecimento do gênero pela BR Distribuidora. “O ônibus ficará pronto em outubro, começando em janeiro a operar na linha da cidade de São Bernardo do Campo (SP), percorrendo 33 quilômetros. Depois entrarão em operação mais três veículos”, explica o gerente de participação da Petrobras Distribuidora, José Alcides Santoro Martins.

Martins esclarece que a tecnologia de célula a combustível já é dominada por várias montadoras e está sendo aperfeiçoada. O grande problema, por enquanto, é o preço e a forma de abastecimento. O hidrogênio precisa ser gerado no próprio posto e, por isso, é preciso criar uma estrutura nova para abastecer os veículos equipados com essa tecnologia.

Sobre o preço, Martins considera que é superior ao da energia elétrica, pois o hidrogênio depende dela para ser gerado. Isso porque umas das formas de se obter hidrogênio é com hidrólise feita pela eletrólise, que é a quebra da molécula da água por corrente elétrica. A água é formada por duas moléculas de hidrogênio e uma de oxigênio e é possível conseguir o hidrogênio pela quebra de suas moléculas. Também é possível obter hidrogênio pela quebra das moléculas do gás natural e do etanol, mas segundo Martins, nas pesquisas desenvolvidas no Brasil, a preferência é pela quebra da molécula da água.

Outro foco do hidrogênio como combustível ocorre com a quebra da molécula de água usando corrente elétrica. Isso porque o padrão energético brasileiro privilegia as hidrelétricas, e durante o período entre a meia-noite e as 5h, o consumo é menor. Não sendo possível reduzir a produção, contínua, a idéia, segundo Martins, seria desviar a energia excedente para os postos de abastecimento. Nesse período seria feito o processo de geração de hidrogênio, que move a célula a combustível.

O posto-piloto que começa a funcionar em janeiro produz 120kg de hidrogênio por dia. Já o tanque do ônibus tem capacidade de armazenar 30kg de hidrogênio. De acordo com Martins, a autonomia do veículo é de 300 quilômetros, sendo a eficiência energética do hidrogênio superior a 70%, enquanto a de um combustível fóssil, como o óleo diesel, alcança cerca de 25%, o que compensaria o preço.

Tanto o etanol quanto o biodiesel são considerados combustíveis de transição por Martins, que considera a célula a combustível como certeza para o futuro. “Quando a injeção eletrônica começou, muitos diziam que era uma tecnologia cara, mas hoje não é produzido mais nenhum veículo com carburador”, compara Martins. Apesar dos planos, ele acha que a tecnologia ainda está em estado inicial. “O programa começou há três anos e o objetivo agora é verificar na prática, ganhar experiência e dar um passo de cada vez.”

O projeto da célula a combustível brasileira é financiado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em parceria com Ministério de Minas e Energia e diversas outras entidades. O custo estimado é de US$ 17 milhões e até agora foram aplicados US$ 6,6 milhões.

Daniel Camargos