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creditos de carbono

Brasil é líder em crédito de carbono


Gazeta Mercantil - 07 abr 2006 - 10:22 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

Projetos registrados na ONU põem País à frente da Índia e China e devem gerar US$ 1,3 bi em 2007. O Brasil é líder mundial em projetos de créditos de carbono, negócio que já soma quase US$ 12 bilhões anuais e que tem como principais concorrentes a China e a Índia. O País conta com 37 programas registrados pela Organização das Nações Unidas (ONU) - órgão responsável pela certificação -, 9 a mais que a Índia (28), a segunda colocada, e bem superior à China, com somente 7 projetos. Projeções do Banco Mundial indicam que em 2007 o Brasil poderá movimentar US$ 1,3 bilhão com a venda desses créditos.

"Somos líder mundial no segmento de projetos em créditos de carbono e referência para outros 76 países em desenvolvimento que assinaram o protocolo de Kyoto", diz Marcelo Junqueira, da Econergy. O Brasil, segundo ele, apresenta um portfólio diversificado de projetos engajados com a redução da emissão de gases poluentes.

O País contabiliza atualmente 37 programas de energia limpa registrados na ONU. O Brasil tornou-se líder mundial em projetos de créditos de carbono, mercado que movimentou € 9,4 bilhões (ou US$ 11,6 bilhões) em 2005, ano em que passou a vigorar o Protocolo de Quioto, acordo mundial para reduzir as emissões de gases poluentes. São 37 programas brasileiros registrados na Organização das Nações Unidas (ONU) - órgão responsável pela certificação dos projetos -, num universo de 150. O Brasil está à frente da Índia (28), México (15), Chile (10), Honduras (9) e China (7).

"Somos líder mundial no segmento de crédito de carbono e referência para outros 76 países em desenvolvimento que assinaram o protocolo de Quioto", afirma Marcelo Junqueira, vice-presidente de transações da Econergy, empresa especializada em projetos de energéticos, sediada nos Estados Unidos e com escritórios no Brasil e em outros países da América Latina.

No entanto, embora o Brasil esteja hoje na dianteira em relação ao número de projetos aprovados pela ONU, é grande a chance da Índia tomar a posição brasileira nos próximos meses. Isso porque o país asiático tem atualmente um número maior de projetos submetidos à ONU - são 61 no total, contra 45 do Brasil -, que podem ou não ser aprovados pelo órgão internacional. Porém, são raros os pedidos de revisão do projeto, conforme Junqueira.

"A Índia e a China são os maiores competidores do Brasil na busca por recursos para projetos de crédito de carbono", afirma Linda Murasawa, superintendente da área de produtos socioambientais do ABN Amro Real. Segundo ela, os dois países têm forte uso de carvão como matriz energética, mas a Índia tem mais alternativas que a China, pois pode explorar gás natural, energia eólica, solar e hidrelétrica. "Já a China até poderia explorar a energia eólica no deserto, mas o custo de transmissão torna o projeto economicamente inviável devido à distância entre o local da geração e as grandes cidades consumidoras", diz.

Enquanto China e Índia têm maiores volumes de carbono, o Brasil apresenta um portfólio mais diversificado de projetos engajados com a redução da emissão de gases poluentes, de acordo com vice-presidente de transações da Econergy. "Os projetos brasileiros abrangem diferentes atividades, desde o reflorestamento até programas que propõem a troca de combustíveis fósseis por energias limpas e renováveis, como o álcool, biodiesel", afirma ele. A grande maioria dos programas brasileiros de redução das emissões de carbono envolve projetos de cogeração a partir do bagaço da cana-de-açúcar. Porém, a vedete do País são os projetos que utilizam aterros sanitários, diz o vice-presidente da Econergy, que sozinha participa de 21 programas de crédito de carbono existentes hoje no Brasil. O principal deles foi anunciado ontem em São Paulo, e prevê a venda de 1 milhão de toneladas de crédito de carbono gerado no Aterro Bandeirantes ao banco alemão KFW (ver matéria abaixo). A tonelada de carbono de projetos de grande porte como o conduzido pela a Econergy pode negociada a um preço acima de €15, segundo informa Junqueira. De acordo com estimativas do Banco Mundial, até 2007, o Brasil poderá ter uma participação de 10% no mercado de crédito de carbono registrado pela ONU, o equivalente a US$ 1,3 bilhões em 2007.

Segundo Antonio Lombardi, do ABN, a International Emissions Trading Association (IETA) projeta que, de 2006 a 2012, as demandas mundiais por créditos de carbono serão de 800 milhões de toneladas. O cálculo considera os seguintes fatores: inventários nacionais de emissão (quanto cada país obrigado a reduções emite de gases de efeito estufa), o volume a ser reduzido para atingir as metas de Quioto (5,2% abaixo das emissões registradas em 1990), e o percentual de créditos de carbono que pode ser usado para cumprimento dessas metas (até 6% segundo Quioto e até 8% segundo o "European Trading Scheme"). "Com esses fatores é possível fazer uma estimativa razoável", diz. "Em termos de preço, se considerarmos € 10 por tonelada de carbono (o mercado já fala em € 12), temos um mercado potencial de € 8 bilhões ano.

Denis Cardoso e Denise Juliani