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Biodiesel

Novas usinas animam setor produtivo


Diário do Nordeste - 29 mar 2006 - 05:56 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

O mês de abril começa com novidades para a produção brasileira de biodiesel, com as notícias da instalação de novas usinas, entre elas a primeira no Estado do Ceará; e da realização de um seminário, na Câmara dos Deputados, para avaliar o Programa Nacional de Biodiesel. Alternativa à extinção do combustível fóssil, sua produção vem sendo estimulada através de programa do Governo Federal, que visa promover a implantação de projetos auto-sustentáveis, a partir de diversas oleaginosas, cultivadas em diferentes regiões do País.

Está prevista para junho deste ano a inauguração da primeira usina para produção de biodiesel no Estado do Ceará. A pedra fundamental será lançada na primeira quinzena de abril, no município de Crateús, onde já funciona uma unidade amassadeira.

Atualmente, a mamona captada pela Brasil Ecodiesel no Estado é processada no município de Floriano, no Piauí, onde foi implantada a primeira usina da empresa no Nordeste, atendendo, no momento, 53% da cota do primeiro lote da Petrobras, com 70 milhões de litros.

Segundo as informações de Arlindo Pereira Neto, gerente agrícola/institucional da Empresa, em julho serão inauguradas mais duas usinas, na Bahia e em Tocantins; e, até dezembro, outras duas: No Maranhão e em local a ser definido.

Neste 2006, a Secretaria de Agricultura e Pecuária (Seagri) repassou, através do Programa Hora de Plantar, 50 toneladas de sementes aos produtores, ao mesmo tempo em que a Brasil Ecodiesel distribuiu 75 toneladas.

O gerente do Programa Mamona para Produção de Biodiesel da Seagri, Valdenor Neves Feitosa, explica que, no lançamento, em 2003, o Estado não tinha semente (embrião próprio para plantar), mas o grão (fruto da produção).

Foi a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de Campina Grande que forneceu os primeiros 900 quilos de semente básica da variedade Nordeste, em 2004, para que a Associação dos Produtores de Semente do Estado do Ceará (Aprosence) produzisse as primeiras 150 toneladas de semente selecionada do Estado, em 2005, garantindo a autosuficiência da produção.

Dessa forma, os 1.900 hectares plantados em 2003, com grãos melhorados do Piauí, evoluíram para 9.200 hectares em 2004; e 18.200, em 2005; somando aproximadamente 24.600 hectares pelo fato da cultura ser bianual, ainda com as perdas da estiagem de 2005.

Valdenor descarta críticas de incentivo à monocultura e concentração de renda, destacando que o público alvo do Programa é o agricultor familiar, com orientação técnica de plantio consorciado com o feijão.

Arlindo Pereira, da Brasil Biodiesel, acrescenta que a rotação de cultura com a agricultura de subsistência é incentivada, evitando a nociva prática da queimada. “A empresa poderia plantar uma área imensa de soja e mecanizar a produção, mas não é esse o nosso objetivo”, afirma.

No Ceará, 81 municípios foram zoneados para a produção da mamona, cujo cultivo depende de uma precipitação mínima de 300 milímetros e preferencialmente uma altitude acima de 300 metros em relação ao nível do mar. Atualmente a maior produção provém de Boa Viagem, Canindé Itatira, Monsenhor Tabosa, Parambu e Boa Viagem.

Somente a Brasil Ecodiesel conta, no momento, com a produção de quatro mil pequenos produtores de mamona e mais duas fazendas, localizadas em Crateús e Parambu, onde estão sendo testadas novas tecnologias, inclusive com o plantio do pinhão manso, espécie nativa perene, que produz, em média, durante 40 anos.

A principal vantagem apontada para o cultivo é ser menos exigente em termos de chuva e solo, em função do seu sistema radicular; e de facilitar a recuperação do solo, por perder as folhas na estação seca.